A porta de entrada deste circuito, que fica próxima da entrada da urgência geral do Hospital de Santo António, no Porto, dá acesso a um espaço onde foram montados quatro gabinetes médicos, sete espaços de isolamento e uma enfermaria.
“Este espaço surge no contexto de plano de contingência nacional à Covid-19 e pretende criar um circuito próprio e independente no CHUP para atendimento de cidadãos suspeitos referenciados pela linha de saúde SNS24”, referiu o diretor clínico do CHUP, José Barros.
De acordo com o responsável, as pessoas que chegarão a este espaço “entrarão por um circuito absolutamente independente do serviço de urgência” e nesse espaço farão as colheitas para análise, podendo aguardar em espaços individuais.
“Sendo o resultado positivo, há um circuito próprio para serem dirigidos ao serviço de infeciologia onde ficarão internados. Os negativos voltarão à comunidade”, descreveu José Barros.
O diretor clínico enumerou que este serviço terá “quatro enfermeiros e seis assistentes operacionais em exclusivo nesta área”, somando-se “três infeciologistas durante o dia e dois infeciologistas durante a noite exclusivamente dedicados à doença quer na receção dos casos suspeitos, quer para encaminhamento para internamento”.
O espaço preparado devido ao Covid-19 no Hospital de Santo António era antes um átrio de acesso à consulta externa que também continha uma cafetaria, estando preparado com saídas de oxigénio, gases e aspiração.
“Este espaço era um espaço dedicado à eventualidade de catástrofe. A adaptação foi tratada em cinco dias. Esta é uma estrutura provisória e que no futuro será uma zona tampão para as obras de requalificação do serviço de urgência”, disse José Barros sobre uma empreitada que está em fase de concurso público internacional.
Atualmente o CHUP acolhe oito doentes confirmados com Covid-19, sendo que este centro hospitalar atendeu até à data, num espaço de cerca de uma semana, 55 suspeitos.
O diretor clínico apontou esta manhã, em declarações aos jornalistas, que o Hospital de Santo António “está preparado nesta fase para internar até 32 doentes”.
“Esta doença tem um perfil epidemiológico um pouco caprichoso e difícil de prever. Mas o primeiro foi há uma semana e os outros sete foram neste fim de semana, o que nos dá a ideia de que não estamos ainda num perfil de evolução estabilizado”, referiu.
Questionado sobre o estado clínico dos doentes atualmente internados, José Barros apontou que “todos os doentes têm um quadro clínico estável e pouco sintomáticos” e que “nenhum esteve em situação critica ou preocupante”, sendo que “todos têm uma ligação epidemiológica a um foco original ou em Espanha ou em Itália” e “alguns foram infetados secundariamente por familiares ou amigos”, não se registando “nenhum caso espontâneo da comunidade”.
“Alguns já vinham a recuperar quando os observamos pela primeira vez. Temos alguns assintomáticos, mas com análises positivas, portanto sem critério de alta ou de regresso à comunidade (…). É natural que com o avançar da epidemia, cheguemos a uma fase em que doentes com análises positivas, já curados clinicamente, regressem à comunidade ficando em evicção social”, descreveu José Barros.
O clínico contou que as análises aos internados são feitas de 48 em 48 horas.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos.
Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
A quarentena imposta pelo governo italiano ao Norte do País foi alargada hoje a toda a Itália.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
(Notícia atualizada às 14:15)
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