“Apesar das promessas dos talibãs de permitir o funcionamento dos meios de comunicação social que respeitem os valores islâmicos, novas regras estão a sufocar a liberdade dos meios de comunicação social no país”, disse a diretora da HRW para a Ásia, Patricia Gossman, em comunicado.
As regras impostas pelos talibãs são “tão abrangentes que os jornalistas estão a censurar-se a si próprios e temem acabar na prisão”, acrescentou a responsável da organização de defesa dos direitos humanos.
A organização examinou as regras distribuídas pelo Ministério da Informação e Cultura dos talibãs aos jornalistas em Cabul, que preveem que os meios de comunicação social não divulguem informações “contrárias ao Islão”, insultos a “figuras nacionais” e “assuntos que não tenham sido confirmados por [fontes] oficiais”.
A HRW denunciou ainda vários casos em que os talibãs detiveram e espancaram jornalistas.
As denúncias da ONG sobre a crescente repressão dos meios de comunicação social seguem-se a outras alegações feitas por organizações internacionais.
Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) consideraram que as normas impostas pelos talibãs abrem a porta à censura e à perseguição, num país que já sofria de graves limitações na liberdade de imprensa.
Na classificação da liberdade de imprensa estabelecida anualmente pelos RSF, publicada meses antes da tomada do poder pelos talibãs, o Afeganistão estava em 122.º lugar entre 180 países.
Cerca de 150 dos 500 meios de comunicação social do país, incluindo estações de rádio e televisão e agências noticiosas, fecharam um mês depois de os talibãs capturarem Cabul, em 15 de agosto, de acordo com o observatório independente afegão para a imprensa livre Nai.
Em paralelo, centenas de jornalistas e outros profissionais da comunicação social deixaram o Afeganistão nos voos internacionais organizados para a retirada de pessoas, temendo represálias.
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