A carrinha, que transportava quinze migrantes, colidiu com outro veículo enquanto manobrava para evitar o bloqueio policial perto da aldeia de Bocsa, 122 km ao sul de Budapeste, segundo um comunicado da polícia húngara publicado online.
Dois dos migrantes morreram no local e um terceiro morreu no hospital, de acordo com o comunicado. Onze pessoas foram hospitalizadas.
O condutor, de nacionalidade georgiana, foi detido, sob suspeita de pertencer a uma rede de tráfico de seres humanos, revelou ainda a polícia.
Este acidente ocorreu no mesmo dia em que a organização Médicos sem Fronteiras (MSF) voltou a denunciar a “violência sem precedentes” cometida alegadamente pelas autoridades húngaras contra adultos e crianças que tentam entrar na Hungria a partir da Sérvia.
“A violência que vemos na fronteira entre a Hungria e a Sérvia é constante e indiscriminada. Todas as semanas damos assistência a pacientes, incluindo crianças, com hematomas graves, feridas profundas e cortes, deslocações e fraturas”, disse Andjela Marcetic, médica da MSF na Sérvia, citada em comunicado.
Desde janeiro de 2021, as equipas médicas da organização trataram 423 migrantes, vítimas de assédio, uso de ‘spray’ de pimenta, “golpes com cintos e bastões”, pontapés, socos e várias formas de humilhação, adiantou a MSF.
Com estas queixas, a organização de médicos junta-se a outras ONG e grupos da sociedade civil que há anos acusam Budapeste de violar os direitos humanos dos refugiados e as convenções internacionais e europeias sobre asilo.
O governo do ultranacionalista Viktor Orbán tem-se manifestado contra a imigração e prosseguido uma dura política antirrefugiados desde 2015, quando ergueu cercas nas suas fronteiras com a Sérvia para conter o fluxo de pessoas que chegaram à Europa nesse ano, fugindo aos conflitos no Médio Oriente.
Recentemente, Orbán desencadeou uma onda de críticas e indignação depois de proferir um discurso, no qual prometeu que não permitirá que os imigrantes entrem no seu país porque, na sua opinião, “os húngaros não são uma raça mista” e não querem tornar-se “uma raça mista”.
Cerca de 157.000 migrantes chegaram à fronteira húngara desde o início de 2022, mais do que em 2021 segundo um conselheiro do Presidente Viktor Orban.
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