“Senti que o Presidente Nyusi continuava a viver intensamente uma situação que é difícil, mas no que respeitava a Manica e Tete a perspetiva era diferente de Sofala. Está já com um pensamento virado para a reconstrução, sabendo que ainda havia muito a apurar e a esperar nos próximos dias”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, que conversou com o Presidente de Moçambique na noite de quarta-feira para se inteirar da situação após a passagem do ciclone Idai.

O Presidente da República esteve presente na partida da força de reação imediata portuguesa constituída por 25 elementos dos fuzileiros, dez do exército, três da força aérea e dois da GNR, a bordo de um avião C-130, para apoiar as operações em Moçambique, que descolou hoje do aeródromo de trânsito de Figo Maduro, em Lisboa.

A equipa, que leva a bordo dez botes, vai realizar missões de busca e salvamento, apoio às vítimas, distribuição de medicamentos e alimentos.

“O Presidente Nyusi estava muito grato e sensível ao apoio português. Senti-o mais otimista e mais mobilizado que em telefonemas anteriores”, salientou no local, depois de cumprimentar todos os elementos da força.

Em relação às barragens, o chefe de Estado disse que o seu homólogo moçambicano vai estar hoje em Cahora Bassa para acompanhar a situação.

“Está em contacto permanente com as autoridades do Zimbabué para monitorizar e controlar o que podia ser um problema, mas achei que estava mais sereno e confiante quanto a essa matéria”, afirmou.

Sobre a possibilidade de existirem portugueses desaparecidos em Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o problema é a falta de comunicações.

“Em rigor não se trata tanto de desaparecidos, é mais problemas de comunicação. Existem problemas de comunicação e de energia, que são graves, existem dificuldades de comunicar com as pessoas, dificuldade de comunicar com alguns portugueses”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda palavras de agradecimento e de incentivo aos militares que partiram para Moçambique e lembrou as suas ligações ao país africano.

“Cheguei a dizer que era a minha segunda pátria. Em adolescente conheci bem Moçambique, andei por aquelas terras”, concluiu.

Além do avião que partiu esta noite, pouco depois da meia-noite, um segundo avião C-130 português estará em condições de voar para Moçambique ao longo do dia de hoje, com mais equipas de apoio.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué já provocou mais de 300 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos desde segunda-feira.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou na terça-feira que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil “estão em situação de risco”, tendo decretado o estado de emergência nacional.

O país cumpre três dias de luto nacional, até sexta-feira.

O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.

A Cruz Vermelha Internacional indicou na terça-feira que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando que se trata da “pior crise humanitária no país".