A ONU já tinha lamentado em março de 2017 que a guerra opondo o Governo iemenita aos rebeldes Huthis tivesse gerado neste país pobre da península arábica a pior crise humanitária do mundo, marcada nomeadamente pela fome e pelas epidemias.
“A desnutrição aguda das crianças atinge os níveis mais elevados que vimos desde o início da guerra”, indicou Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU para o Iémen, citada num comunicado comum de várias agências da organização.
Mais de meio milhão de casos de má nutrição aguda de crianças com menos de cinco anos foram registados no Sul, indicaram a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (C), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
E os resultados de uma investigação em curso no Norte devem ser “igualmente preocupantes”, adiantaram.
A desnutrição severa aumentou de 15,5% entre aquelas crianças. Pelo menos 98.000 correm um “elevado risco de morrer” se não receberem tratamento urgente, alertaram as agências da ONU.
“O aumento do conflito e o declínio económico, juntamente com o forte impacto da pandemia da Covid-19, empurraram uma população já exausta para a beira do precipício”, resumiu a ONU, adiantando que os programas de ajuda, incluindo de ajuda alimentar urgente, foram sendo interrompidos à medida que o financiamento ia acabando.
Devido à guerra, mais de 24 milhões de pessoas — perto de 80% da população do Iémen — dependem de ajuda humanitária e a situação agravou-se este ano.
Mas, segundo a ONU, em meados de outubro apenas tinham sido pagos 1,2 mil milhões de euros dos 2,7 mil milhões necessários para financiar os programas de assistência ao Iémen.
A organização anunciou em setembro que a ajuda essencial tinha sido reduzida em 300 centros de saúde e que mais de um terço dos seus principais programas humanitários tinham sido reduzidos ou suspensos.
Na altura, um funcionário da ONU disse ao Conselho de Segurança que vários doadores, incluindo a Arábia Saudita que intervém militarmente no Iémen ao lado do governo, não cumpriram as suas promessas de ajuda.
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