“A intenção foi cumprirmos ao máximo as normas que nos foram dadas naquilo que nos é humanamente e pastoralmente possível e agora é esperar que os fiéis cumpram”, disse à Lusa o padre desta igreja, Casimiro Henriques.
As mudanças são visíveis logo à entrada da igreja, onde foram colocados dois dispensadores de álcool gel com uma mensagem de força para a nova realidade na sequência da pandemia de covid-19: “tende coragem todos vós que ao Senhor vos confiais (salmo 30)”.
Segundo o pároco, a entrada para as celebrações religiosas vai acontecer pelas duas portas do meio e a saída pelas duas laterais, de forma a garantir a distancia necessária entre os fiéis.
“Também fizemos os percursos e marcações no chão para que as pessoas possam perceber os percursos de entrada e saída na igreja e tivemos a preocupação de fazer as marcações nos bancos, para que as pessoas intuitivamente possam saber o local onde se podem sentar”, indicou.
Os bancos serão utilizados de forma “intercalada” e “desencontrada”, mas ao fim de semana haverá uma “equipa de acolhimento” a dar indicações.
As celebrações religiosas vão estar limitadas a um terço da lotação, mas, por “sorte”, esta é uma das maiores igrejas da cidade de Setúbal.
“Temos consciência de que não somos uma comunidade ou uma paróquia modelo, porque a nossa população não é assim tão grande, ao contrário de algumas aqui na cidade, e temos uma igreja muito grande. Portanto, aquilo que era a participação antes da pandemia andava nos limites de 120 pessoas e nós temos capacidade para colocar essas pessoas”, garantiu.
No entanto, o padre Casimiro apontou que foi preciso “adaptar” algumas das recomendações das autoridades de saúde, porque são “uma paróquia pobre”, advertindo que há outras que podem estar em situações mais difíceis.
“Tivemos uma contingência em que o dispensador de gel de pedal custa 170 ou 190 euros e nós precisávamos de seis, mas não tínhamos dinheiro para isso e tivemos de fazer adaptações. O dispensador de gel que temos é de colocar com a mão, sendo que porventura se a pessoa ficar com alguma coisa na mão, o gel em princípio eliminará, pelo menos é-nos dito que sim”, explicou.
Quanto a casamentos e batismos, só há marcações para julho, mas o padre acredita que serão adiados para setembro ou outubro, porque “tirar fotografias na igreja com a malta toda de máscara não é lá muito bonito”.
Ainda assim, a nova realidade tem sido uma “fase de descoberta” para o padre Casimiro Henriques, que percebeu que “a pastoral tem sempre que ser inovadora e de se reinventar”.
É formado em História e não era muito “destas coisas da tecnologia”, mas depois de ser declarado o estado de emergência e o encerramento das igrejas, percebeu que tinha de fazer alguma coisa para continuar a acompanhar a sua comunidade.
“Fizemos aquilo a que eu chamo uma paróquia virtual, que vai muito além daquilo que são as fronteiras da nossa paróquia. Se na vida normal já temos muita gente que vem de fora, agora criamos esta plataforma que extravasa muito essas fronteiras naturais”, relatou.
Foi uma experiência tão positiva, que as pessoas pedem para a paróquia “não deixar de transmitir” as celebrações, tendo levado o padre a investir numa câmara “mais profissional e menos invasiva do espaço”.
“Queremos continuar este trabalho de levar a presença da nossa igreja e da paróquia, porque transmissão de missas na internet há muitas, mas as pessoas fazem parte de uma comunidade e se essa comunidade sai fora das paredes e vai ter com elas, penso que é a nossa função”, sublinhou.
É com esta ligação entre a paróquia presencial e digital que o padre Casimiro vai iniciar uma nova fase na sua igreja, mantendo-se confiante de que as pessoas “vão ser dóceis e vão comportar-se”.
“Há umas teorias que dizem que as pessoas agora vão passar a vir mais à missa, portanto, se for assim, graças a Deus”, mencionou.
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