“Nós temos uma situação que, do ponto de vista do equilíbrio das nossas contas, continua a ser frágil e isso tem depois consequências e estamos mais expostos a movimentos de subidas de taxas de juro, e isso é, de facto, um problema para Portugal”, disse o presidente da IL, Rui Rocha.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas à margem da cimeira do grupo parlamentar Renovar a Europa, a anteceder Conselho Europeu, apontou que, “para o bem ou para o mal, a capacidade de Portugal influenciar a política de taxas do BCE é relativamente reduzida”.

“Agora há uma coisa que nós temos capacidade de influenciar internamente, que é a questão dos impostos”, referiu Rui Rocha.

“Nós temos superado recordes de tributação, nomeadamente rendimentos sobre o trabalho, continuamos a ter um Governo que arrecada recordes também em termos de impostos e os portugueses estão com problemas. […] As poupanças estão a ser retiradas, a um ritmo muito assinalável, da banca e o saco de compras dos portugueses chega sai do supermercado cada vez mais vazio e, entretanto, temos Estado com arrecadação de impostos recordes, e é aqui sim é onde nós podemos atuar”, frisou o líder da bancada liberal.

Rui Rocha insistiu que é “onde o país tem capacidade de atuação direta e, portanto, é uma urgência nacional que a carga fiscal, nomeadamente a carga fiscal sobre o trabalho, seja reduzida”.

Sobre o eventual “destino europeu” do primeiro-ministro, António Costa, afirmou ainda que esta é a “menor das preocupações dos portugueses”, defendendo antes “soluções para problemas”, como os da área da saúde.

“Para os portugueses, o destino europeu de António Costa é talvez a menor das preocupações. Aquilo que é muito importante é a situação atual do país e é sobre isso que a Iniciativa Liberal está muito preocupada […] e muito concentrada”, declarou o presidente da IL.

Indicou ainda que “o Governo há um ano que anda a prometer que os problemas se irão começar a resolver”. Porém, sublinha que “aquilo que vemos é que estão iguais ou piores em muitas áreas e, portanto, para ser totalmente franco, só interessa muito o destino daquilo que é a situação portuguesa e o papel de António Costa nessa matéria não tem sido o mais favorável para Portugal”.

Apontando que na sexta-feira haverá um debate no parlamento português sobre a área da saúde, por iniciativa da IL, Rui Rocha referiu que António Costa “tem tido protagonismo em muitas das coisas que correm mal e é o principal responsável porque está há oito anos no poder”.

“Essa é a preocupação da Iniciativa Liberal - apresentar soluções para os problemas dos portugueses. António Costa é a parte menos importante”, adiantou.

A posição surge depois de o primeiro-ministro, ter dito no início desta semana que não estava disponível para ocupar qualquer cargo numa instituição da União Europeia, segundo escreveu o jornal Público na segunda-feira.

Costa reagia à notícia de que o primeiro-ministro português poderia ir para o Conselho Europeu, explicando que não aceitará qualquer missão que ponha em causa a estabilidade do país.

“Eu sou o garante da estabilidade. Já expliquei a todos que não aceitarei uma missão que ponha em causa a estabilidade em Portugal. Alguma vez eu poria em causa a estabilidade que tão dificilmente conquistei?”, questionou.