Rui Rocha, líder da IL, reagiu à decisão de António Costa com indignação, falando num "incidente gravíssimo" e numa "humilhação pública do Presidente da República".

"É um desafio total ao Presidente da República, e é também um desafio total ao país", disse Rui Rocha, que considera a decisão do primeiro-ministro uma "inaceitável encenação que visa enganar os portugueses".

Também a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, se pronunciou. "Todos nós fomos apanhados de surpresa relativamente à não aceitação do pedido de demissão e vemos, com alguma preocupação, o impacto que possa ter na credibilidade das instituições e do poder político".

A líder do PAN considerou que o país não pode continuar "refém deste braço de ferro que se veio a colocar em cima da mesa entre primeiro-ministro e Presidente da República".

No entanto, questionada se a melhor solução seria Marcelo Rebelo de Sousa dissolver o parlamento ou demitir o Governo, Sousa Real disse querer aguardar por uma reação mais profunda do chefe de Estado, além do comunicado já emitido.

"O que o PAN tem apelado é que se encontrem soluções, por exemplo, o primeiro-ministro ser convidado a reformular o Governo de forma mais profunda. Não nos parece que os portugueses queiram uma nova eleição, mas se o Presidente da República decidir dissolver, o PAN cá estará pronto para as soluções", disse.

Já a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, defendeu hoje que o essencial “não é a entrada ou a saída de ministros”, mas “a resposta aos problemas dos portugueses”, sem responder se defende eleições antecipadas.

“Como o PCP tem vindo a dizer, a questão essencial não é a entrada ou saída de ministros ou de secretários de Estado, é a resposta aos problemas dos portugueses: aumentar salários e pensões, garantir o direito à habitação ou a prestação de cuidados de saúde”, afirmou Paula Santos.

Questionada, por várias vezes, se o PCP defende que o Presidente da República deverá dissolver o parlamento ou demitir o Governo, Paula Santos nunca respondeu diretamente se o partido considera preferível a existência ou não de eleições antecipadas.

“O que é necessário, o que preocupa a população do nosso país é se consegue chegar ao fim do mês (…) O que entendemos que é prioritário é resolver os problemas que temos no nosso país e que são imensos”, repetiu, às várias questões colocadas.

André Ventura, por sua vez, apontou "desequilíbrio emocional" a Costa e defendeu dissolução.

"O que vimos hoje foi um certo desequilíbrio emocional, precipitação política e uma vontade de confronto que me leva a perguntar novamente se está bem", afirmou o líder do Chega, questionando se o "primeiro-ministro está bem mentalmente", se está "equilibrado e na posse de toda a sua capacidade".

André Ventura considerou que o primeiro-ministro decidiu "enfrentar diretamente o Presidente da República, a grande maioria da opinião pública do país e dos agentes políticos" e acusou António Costa de fazer um "exercício de vitimização, puxar a corda e pedir a Belém que marque eleições na lógica de que quanto mais rápido para o PS melhor porque o desgaste acontece a cada dia e a cada semana".

Ventura defendeu igualmente que "o ambiente de confronto e de conflitualidade que hoje se abriu entre o Presidente da República, entre o país, o primeiro-ministro e o Governo deixam sem grandes condições de continuidade o Governo de António Costa quanto ao exercício do seu mandato".

"Que comunicação foi esta? o país hoje esperava que um primeiro-ministro digno, a pensar no país, aceitasse o pedido de demissão de João Galamba, correspondendo até a uma tradição portuguesa, que é respeitar uma vontade do Presidente da República", defendeu.

O líder do Chega salientou que "ninguém pode levar a sério que a privatização da TAP vá ocorrer com um ministro que acabou de passar pelo que passou João Galamba, ninguém pode acreditar que a ferrovia e a sua modernização, um dos grande desígnios deste Governo, vão acontecer sob a pele de um ministro que não está fragilizado, está anulado pela opinião pública e do Presidente da República".

"Deve haver dissolução da Assembleia da República e o Chega está preparado para ser uma alternativa e para governar o país", defendeu.

O presidente do Chega alertou igualmente que o "clima de crispação e de conflitualidade vai marcar atualidade política durante os próximos dias e as próximas semanas".

Já o PSD considerou, em comunicado de imprensa, que "a declaração do Sr. Primeiro-Ministro esta noite prova que este Governo está de costas voltadas para o país e para as instituições".

"O país tem vindo a assistir à auto-degradação do Governo de Portugal por sua exclusiva responsabilidade. O executivo mantém-se à deriva, sem liderança efetiva, com inegável falta de autoridade e numa tentativa teatral de ultrapassar tantas fragilidades".

Catarina Martins, coordenadora do BE, acusou o Primeiro-Ministro de estar a "perder tempo" que o "país não tem" em vez de fazer uma reorganização do Governo, criticando a "absoluta degradação" e o silêncio sobre "os problemas políticos" do executivo.

"Julgo que foi uma surpresa para todo o país ouvir hoje o primeiro-ministro de Portugal a fazer uma declaração solene sobre uma coboiada do Ministério das Finanças e não dizer uma palavra sobre os problemas políticos do Governo. É sinal de uma absoluta degradação ou se quiserem é a maioria absoluta como ela própria", disse Catarina Martins aos jornalistas.

Para Catarina Martins, o primeiro-ministro "decidiu perder tempo" que "o país não tem ", considerando que "o que era preciso era uma reorganização do Governo", não apenas dos "ministros descredibilizados", mas da própria política do executivo.

Questionada sobre a necessidade de dissolução do parlamento ou demissão do Governo, a líder do BE respondeu que os bloquistas vão ouvir "com atenção o senhor Presidente da República", mas assegurou que o seu partido "está preparado para qualquer cenário".

Segundo a líder do BE, o primeiro-ministro "achou por bem falar de um incidente rocambolesco, de uma bicicleta atirada não sei para onde em vez de falar daquilo que é o problema".

O "problema é que sucessivos ministros mentem sobre a sua relação com uma importante empresa publica portuguesa, a TAP", criticou, apontando um "Governo absolutamente descredibilizado".

Já o deputado único do Livre, Rui Tavares, considerou que a dissolução do parlamento "não seria bom para o país", embora esteja convicto de que, com novas eleições, o partido ganharia um grupo parlamentar, apontando que o seu interesse imediato "está certamente em último lugar na lista de prioridades".

Quanto à discórdia entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, Rui Tavares admitiu pensar que não é bom para o país. "Penso que o país devia ter um ponto de viragem para um tipo de governação mais aberta" e "transparente", com mais participação na Assembleia da República.

Quanto ao incidente no Ministério das Infraestruturas relatado por João Galamba no sábado, que envolveu agressões a assessoras e chefe de gabinete e o roubo de um computador, Rui Tavares disse que "são efeitos de uma falta de coordenação política ao nível do Governo", em que António Costa é o "último responsável".

"Uma orquestra tem mais harmonia ou menos harmonia dependendo do diretor de orquestra", apontou.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel

*Com Lusa

(Artigo atualizado às 23h20)

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