Vila Pouca de Aguiar foi dos primeiros concelhos do distrito de Vila Real onde foi implementado o programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras”.
Das 14 freguesias do concelho, 12 aderiram e nelas foram distribuídos cerca de 60 ‘kits’ com “golas antifumo, coletes e um rádio” que, segundo o autarca, “só dava para receber e não permitia o contacto”.
“Sempre achei que o ‘kit’ não tinha utilidade, mas agora, para além de não ter utilidade, ainda temos conhecimento de que tem efeitos negativos”, afirmou Alberto Machado.
O autarca reagia assim à notícia divulgada hoje pelo Jornal de Notícias que diz que as golas antifumo distribuídas nas aldeias e que são fabricadas em poliéster “não têm a eficácia que deveriam ter”, nomeadamente “evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro”.
“Para além de achar que não prestava para nada, agora percebe-se que até era prejudicial porque é inflamável. E é o Estado a transmitir essa mensagem às comunidades”, frisou.
Na opinião do autarca social-democrata, o programa “Aldeia Segura” foi “muito para a fotografia”, no entanto considerou que o princípio era “positivo e útil”.
“O princípio agradou-me. Havia uma prevenção da aldeia. Achei a ideia boa, positiva e útil no sentido do alerta da população. Temos uma população muito envelhecida e que não reage com a mesma agilidade de uma população mais jovem, como é obvio”, referiu.
Alberto Machado disse que Vila Pouca de Aguiar “gosta de colaborar com as estratégias nacionais”, mas reconheceu que “sempre teve muitas dúvidas sobre a eficiência deste programa e do kit”.
A Proteção Civil esclareceu hoje que os materiais distribuídos no âmbito dos programas Aldeia Segura e Pessoas Seguras não são de combate a incêndios nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas-práticas.
De acordo com o JN, 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela proteção civil no âmbito dos programas.
Em comunicado, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) lembra que os programas “decorrem da Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-A/2017, de 27 de outubro, e visam capacitar as populações no sentido de reforçar a segurança de pessoas e bens mediante a adoção de medidas de autoproteção e a realização de simulacros aos planos de evacuação das localidades”.
Trata-se, segundo a ANEPC, da primeira grande campanha nacional orientada para a autoproteção da população relativamente ao risco de incêndio rural, bem como à sensibilização para as boas-práticas a adotar neste âmbito.
No âmbito dos programas foram produzidos e distribuídos diversos materiais de sensibilização, designadamente o Guia de Implementação dos Programas, os Folhetos de Sensibilização multilingues, a Sinalética identificativa de itinerários de evacuação e de locais de abrigo ou refúgio e os ‘kits’ de emergência.
“Importa reforçar que estes materiais não assumem características de equipamento de proteção individual, e muito menos de combate a incêndios. Trata-se sim de material de informação e sensibilização sobre como devem agir as populações em caso de incêndio, aumentando a resiliência dos aglomerados populacionais perante o risco de incêndio rural”, é sublinhado.
A empresa fornecedora do material utilizado neste programa diz que o mesmo não está preparado para combate aos incêndios, porque essa exigência não constava do caderno de encargos.
"O que posso dizer é que o equipamento não é para ser utilizado no combate aos incêndios", afirmou Ricardo Fernandes, representante da empresa Foxtrot Aventura, situada em Fafe, em declarações à Lusa.
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