A reconstrução das casas de primeira habitação que as chamas destruíram está a fazer-se a ritmos diferentes nos vários concelhos.
No concelho de Santa Comba Dão, tinham sido afetadas 147 casas de primeira habitação.
Fonte da autarquia disse à agência Lusa que, até ao momento, foram reconstruídas 39 casas e que decorrem obras em mais 62, havendo a esperança de que seja cumprida a previsão da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Centro de que todas estejam prontas até ao final deste ano.
No vizinho concelho de Tondela, no que respeita a primeiras habitações, “foram submetidos 172 processos”, tendo sido validados “62 com apoio inferior a 25 mil euros cada”.
Segundo a autarquia, foram ainda “integradas 94 no concurso da CCDR Centro de reconstrução total ou grandes reparações”.
No entanto, destas, “cerca de 20 deixaram de constar na empreitada ou porque os proprietários vieram a ter seguros, ou desistiram, ou porque existem questões que formalmente não permitem prosseguir com o apoio”, como “questões associadas a hipotecas ou centradas na autorização de outros coproprietários”.
“Neste momento, já estão intervencionadas 32 habitações de montante inferior a 25 mil euros” cada, referiu.
No que respeita às restantes, de montante superior a 25 mil euros, da empreitada da CCDRC, mais de 50 estão em construção.
“O grau de evolução é muito forte e, dentro de poucas semanas, algumas já estarão concluídas”, acrescentou.
No concelho de Vouzela, as chamas atingiram 46 casas de primeira habitação.
Segundo a autarquia, “seis casas estão concluídas (reconstruções totais ou parciais) e 39 em reconstrução”.
“Duas casas vão ser entregues às famílias no dia 15 de outubro, uma na freguesia de Queirã e outra na freguesia de Cambra”, avançou, acrescentando que, para as restantes, ainda não há prazo de conclusão.
Ao lado, no concelho de Oliveira de Frades, foram afetadas 49 casas de primeira habitação, das quais sete estão reconstruídas e as famílias já foram realojadas, de acordo com a autarquia.
“Uma pequena parte das casas que se encontram, neste momento, em obras, terá a sua conclusão ainda em 2018. As restantes serão concluídas durante o primeiro semestre de 2019”, acrescentou.
Nenhuma destas câmaras recebeu denúncias de eventuais fraudes no uso de apoios para a reconstrução das habitações.
Além das casas de primeira habitação, foram atingidas pelas chamas muitas outras de segunda habitação, devolutas ou que não eram habitadas: 96 em Santa Comba Dão, cerca de duas centenas em Tondela, 111 em Vouzela e meia centena em Oliveira de Frades.
Estas autarquias ainda não avançaram com um regulamento para apoio à reconstrução das segundas habitações.
A Câmara de Tondela justificou não ter regulamento por, “em primeiro lugar, pretender resolver a situação das habitações próprias e permanentes”.
Por outro lado, “os instrumentos financeiros para as segundas habitações (linha de empréstimo que terá de ser pago pelos municípios) são pouco convidativos”, justificou, acrescentando que esse dossiê poderá vir a ser estudado, “se se justificar”.
A Câmara de Oliveira de Frades referiu que, “no que respeita às segundas habitações, há uma intenção por parte dos municípios que constituem a Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões de não apoiar a sua reconstrução”.
A reposição dos equipamentos municipais danificados pelas chamas tem sido outra das grandes preocupações dos municípios, uma vez que envolve verbas avultadas.
A Câmara de Vouzela apontou prejuízos na ordem dos cinco milhões de euros numa lista longa de equipamentos, na qual se inclui o parque de campismo, que foi parcialmente reposto e entretanto já reabriu ao público, e a rede de percursos pedestres, alguns dos quais já foram reabertos.
Por repor ficaram, por exemplo, o Centro de BTT, os armazéns municipais situados em Vouzela e em Campia, a escola básica de Sacorelhe e espaços de lazer e parques de merendas.
No concelho de Tondela, registaram-se danos em vias rodoviárias, equipamentos de lazer, percursos pedestres, polos museológicos associados ao património local e à arte rupestre, edifícios e outros equipamentos, que implicam um investimento superior a dois milhões de euros.
“A parte da sinalização está a ser solucionada. Os outros investimentos carecem de financiamento, que será suportado no Fundo de Solidariedade da União Europeia. Quase um ano após o incêndio, só agora este fundo está disponível”, lamentou a autarquia.
Em Santa Comba Dão, a autarquia estima que o prejuízo ronde os 1,4 milhões de euros.
“Foram afetados alguns edifícios públicos, como a ‘Fornecedora’, bem como veículos, equipamentos pesados e maquinaria diversa. Foram repostos alguns equipamentos pesados, nomeadamente um trator e uma viatura ligeira”, referiu à Lusa.
No concelho de Oliveira de Frades, o valor estimado para a reposição de equipamentos municipais é de 180 mil euros.
As chamas atingiram também várias dezenas de empresas de vários setores em cada um destes concelhos do distrito de Viseu, nomeadamente cerca de 70 em Oliveira de Frades, Tondela e Santa Comba Dão e cerca de 60 em Vouzela.
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