Falando no final do seminário de encerramento da discussão pública do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que aconteceu ao longo de todo o dia na Escola Superior Agrária de Santarém, António Costa frisou a necessidade de a estratégia que está a ser delineada ser executada “disciplinadamente, consequentemente, persistentemente”.
“Ao longo destes 10 anos de execução deste plano iremos certamente ter muito más notícias nos telejornais e, ou resistimos a cada uma dessas notícias e persistimos disciplinadamente, consequentemente, persistentemente na execução dessa estratégia, ou aquilo que nós entregaremos no final não serão boas notícias para a década seguinte, mas serão piores notícias ainda”, afirmou.
Para António Costa, o problema dos fogos rurais não se resolve “nem queixando-se do bombeiro que não chegou ou do meio aéreo que não veio, nem deste ministro da Administração Interna nem daquele comandante nacional”.
“Não. Isto exige mesmo um trabalho coletivo de toda a sociedade, agindo sobre o território, agindo sobre os comportamentos e também, naturalmente, melhor prevenindo e melhor organizando os meios de proteção e os meios de socorro”, disse, sublinhando que “se uma equipa não marca golos não foi por culpa do guarda-redes”.
“O guarda-redes só lá está para evitar que uma equipa sofra golos, não se pode pedir ao guarda-redes que marque os golos que a equipa tem que marcar. Ora, os nossos agentes da proteção civil são mesmo só os guarda-redes. Quem tem de fazer de ponta de lança, de meio campo, de defesa somos todos nós e é para isso que estamos aqui a construir uma estratégia que nos tem que empenhar a todos”, declarou.
O primeiro-ministro sublinhou que hoje terminou apenas a fase de discussão do plano, sendo agora necessário construir um programa de ação, porque que as “boas notícias” dos números relativos aos anos de 2018 e 2019, com a redução do número de ignições (menos 47%) e da área ardida (menos 69%), quando comparados com o período 2008/2017, não podem levar a sociedade a baixar a atenção.
Sublinhando que, fruto das alterações climáticas, o risco de incêndio vai aumentar seis vezes por cada grau que a temperatura aumente, Costa afirmou que a exigência de prevenção de risco é essencial, tarefa para a qual o plano que tem vindo a ser elaborado pelas várias entidades envolvidas é “absolutamente crucial e estratégico”.
“Não podemos ter de novo o risco de voltarmos a ter um ano como o de 2017, por isso é necessário agir e a chave está no território”, afirmou.
O Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais tem como grandes orientações estratégicas a valorização dos espaços rurais e a reconstrução da paisagem, preconizando a modificação dos comportamentos e a gestão eficiente do risco.
Com um orçamento global superior a 6.000 milhões de euros, o plano prevê direcionar 60% do investimento para a prevenção e 40% para o combate, tendo como principal objetivo a redução para metade da área ardida.
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