“A Câmara Municipal de Monchique começou logo a fazer o levantamento imediato com técnicos, arquitetos e engenheiros no terreno, e pudemos comprovar que os números eram superiores àqueles que avançámos inicialmente, até por mim próprio”, afirmou Rui André aos jornalistas, à porta da Câmara de Monchique, no distrito de Faro.
O autarca fez este novo balanço do edificado afetado à saída de uma reunião com o presidente da Assembleia da República (AR), Eduardo Ferro Rodrigues, e deputados da Comissão parlamentar de Agricultura e Mar, que hoje se reuniram em Monchique com autarcas dos concelhos afetados pelo incêndio e com responsáveis das diversas entidades envolvidas na resposta aos danos causados pelo fogo.
“Neste momento temos mais de 30 casas de primeira habitação afetadas, temos também cerca de 74 casas afetadas. Mas depois existe um conjunto alargado de casas que foram afetadas numa área de apoio, num apoio agrícola ou de animais, muitas edificações junto às habitações que ficaram danificadas, e essas, à partida - tirando as de primeira habitação - não vão ter nenhum tipo de apoio”, disse o autarca social-democrata.
A 09 de agosto, o presidente da autarquia tinha dito à Lusa que o número de casas destruídas, total ou parcialmente, durante o incêndio poderia chegar a “cerca de 50”. No dia seguinte, o primeiro-ministro indicou que pelo menos 17 casas de primeira habitação tinham ficado destruídas.
Rui André disse hoje que a autarquia algarvia está a fazer “uma ficha individual de cada habitação, para ver quais as soluções” que se podem aplicar, até porque entre as afetadas “algumas são casas próprias e outras casas alugadas e emprestadas”.
“E cada uma vai exigir uma solução diferente”, sublinhou, frisando que, neste momento, “é importante saber se este programa da Porta de Entrada se adequa a estas necessidades ou não”.
Rui André advertiu que, “para já, aquilo que é evidente é que as pessoas vão ter que entrar com uma parte desse dinheiro” e “vão ter que, do seu rendimento e da sua taxa de esforço, entrar com uma parte de cerca de 25%, durante 15 anos, para recuperar estas casas”.
“E por isso é importante ver cada caso e vermos o volume das obras que temos de fazer, e vamos tentar perceber se este programa – que será uma experiência piloto aqui e nunca foi aplicado no país – será a resposta que precisamos ou não”, acrescentou.
Algumas das pessoas já estão a arrendar casas para viver, outras permanecem em casas de familiares e há também a possibilidade de recorrerem a uma unidade hoteleira, mediante o pagamento de um valor por dia, explicou Rui André, quantificando o apoio em 5 euros por metro quadrado, no caso do aluguer, e 53 euros por dia, na unidade hoteleira.
“Isto pressupõe um protocolo e um acordo entre a Câmara e o Estado para depois ser disponibilizado às pessoas, situação que até ao momento ainda não aconteceu”, realçou o autarca, garantindo que, se o programa em causa “chegar tarde ou não responder às necessidades das pessoas”, a autarquia vai “avançar com o apoio”.
“As pessoas não deixarão de ser apoiadas, se mais ninguém pagar, a câmara vai assegurar isso”, garantiu ainda Rui André, frisando que “há pessoas - e isto é sinal da humildade e do tipo de pessoas com que se está a tratar - que preferem, ainda que as suas estejam parcialmente danificadas, manter-se nas suas casas”.
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais, levou uma semana a ser dominado, no dia 10 de manhã. Tinha deflagrado no dia 03 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
Quarenta e uma pessoas ficaram feridas, uma dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram quase 28 mil hectares.
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