A operação é de âmbito nacional e, em Chaves, no distrito de Vila Real, vai decorrer entre hoje e 26 de fevereiro.

Depois de uma apresentação formal da operação, as equipas saíram para o terreno e, em Sanjurge, identificaram uma situação de falta de limpeza em torno do edificado, um problema que já se arrasta desde o ano passado.

“Temos aqui este vizinho que não faz a limpeza ao terreno que está mesmo ao lado do depósito de gás e, por causa disso, a Galp recusa-se a fazer o reabastecimento”, contou Aurora Teixeira, proprietária de um espaço de turismo de habitação.

A responsável queixou-se dos transtornos provocados por esta situação e disse que já teve que pagar pela limpeza de um terreno que não é seu. Os proprietários são emigrantes nos Estados Unidos da América (EUA).

“Não está respeitada a faixa dos 50 metros em que tem de ser feita a gestão do combustível”, explicou o capitão Bruno Antunes, comandante do destacamento territorial de Chaves.

O oficial referiu que a GNR está, nesta fase, a referenciar a situação e depois vai notificar o proprietário para proceder à limpeza até 15 março, a data estipulada por lei.

Este caso já tinha sido referenciado em 2018 e deu origem a um auto de contraordenação.

No entanto, segundo Bruno Antunes, no ano passado o concelho de Chaves destacou-se a nível nacional como um “bom exemplo”.

É que, acrescentou, das cerca de mil situações identificadas de falta de limpeza, em 900 casos os proprietários cumpriram voluntariamente e limparam os terrenos à volta das edificações.

Neste caso concreto de Sanjurge, se até 15 de março o proprietário não cumprir, o município poderá proceder à limpeza até 31 de maio, imputando-lhe, depois, os custos.

“Esta é uma operação inclusiva, envolve todos os agentes de proteção civil. Em Chaves vamos estar no terreno até ao dia 26, percorrendo todas as freguesias, com especial atenção para as prioritárias, e identificar todas as situações”, salientou Bruno Antunes.

O objetivo não é, segundo o comandante da GNR, “levantar autos”, mas “que as pessoas limpem”.

As ações são musculadas e visíveis. “Quantas mais pessoas envolvermos e a quantas mais pessoas chegarmos, mais eficaz e eficiente vai ser a nossa missão”, sublinhou Bruno Antunes.

No terreno, os operacionais apostam no contacto direto com os populares, muitos deles idosos e, este ano, contam com o apoio das novas tecnologias.

Às equipas da GNR, compostas por militares do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) e Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), foi entregue um ‘tablet’ através do qual é feita a georreferenciação digital dos terrenos sinalizados.

“Isso permite-nos ter uma visão abrangente daquilo que são os terrenos a nível nacional que carecem de uma gestão de combustível”, sublinhou o capitão Gomes Pereira, do GIPS.

Através desta nova ferramenta o trabalho fica simplificado, já não há necessidade de recorrer aos ortofotomapas em papel, a organização também é melhorada e a informação pode ser mais facilmente partilhada com as outras entidades.

“Ninguém está dispensado”, afirmou o comandante distrital de operações de socorro (CODIS), Álvaro Ribeiro, que destacou o envolvimento de todos os agentes de proteção civil na prevenção aos incêndios.

Em 2018, no distrito de Vila Real, houve uma redução de 90% na área ardida e 50% no número de ignições. Os dados disponíveis apontam para que 50% das ocorrências tenham origem nos comportamentos humanos, quer seja por negligência quer de forma intencional.

Por isso mesmo, Álvaro Ribeiro frisou que é “preciso eliminar os comportamentos de risco”.

O presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, defendeu que, em 2019, se têm de consolidar os “bons resultados do ano passado” e, para isso, disse que é necessário concentrar todos os esforços na prevenção e na proteção do bem maior que é a “mãe terra”.

À GNR juntaram-se hoje os bombeiros das três corporações de Chaves, agentes da PSP, militares do Regimento de Infantaria 19, sapadores florestais, representantes de baldios e autarcas.