Em declarações à agência Lusa, António Nunes disse que, de acordo com os dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Copernicus), até às 12:00, arderam 4.392 hectares.
Na segunda-feira, o secretário regional da Proteção Civil, Pedro Ramos, referiu que o sistema europeu apontava para sete mil hectares ardidos desde o início do incêndio, salientando, no entanto, que eram projeções e que não eram da responsabilidade do executivo regional.
“No final destes incêndios vamos fazer o levantamento da área ardida”, acrescentou então, indicando que serão também contabilizados outros prejuízos.
Hoje, o presidente do SRPC indicou que “talvez a confusão deriva de uma avaliação feita pelos limites externos da área ardida”, explicando que, no interior dessa área, “existem muitas bolhas de vegetação que não arderam”.
O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.
Questionado se mais um helicóptero para combate a incêndios seria útil à região – o SRPC já dispõe de um -, António Nunes reconheceu que “em determinadas ocasiões poderia ser uma mais-valia”, mas realçou que “em 99% do tempo do ano inteiro um meio aéreo é mais do que suficiente”.
“É evidente que termos mais um meio que possa dar uma resposta ocasional em determinadas alturas, a determinados eventos, pode ser sempre uma mais-valia, mas essas questões devem ser colocadas realmente a quem tem o poder de decisão para o fazer”, acrescentou.
Na segunda-feira, questionado sobre essa possibilidade, o secretário com a tutela da Proteção Civil afirmou que o Estado devia “começar a olhar para a Madeira de uma forma diferente” e assegurar os custos de “dois helicópteros”, reconhecendo que “seriam muito melhores para a Madeira”.
Atualmente, o meio aéreo de que a região autónoma dispõe é custeado pelo Governo Regional.
António Nunes reiterou ainda que o Serviço Regional de Proteção Civil tem “feito tudo o que está ao seu alcance” para combater o fogo, considerando que estão a ser empenhados os meios necessários desde o início.
Sobre as críticas relativas ao Governo Regional ter aceitado tardiamente a ajuda da República, que no sábado enviou para a Madeira uma equipa com 76 elementos, o responsável insistiu que o incêndio “desenrolava-se em zonas de pouca ou nenhuma acessibilidade e inviabilizava a utilização desses meios”.
“Trazermos para aqui para a Região Autónoma da Madeira mais alguém que viesse do continente, perdoem-me o termo, iriam ser meros espetadores de um espetáculo deprimente e que nada vinha ajudar à sua resolução”, declarou.
A oposição na região tem criticado o que considera ser uma demora na aceitação, por parte do arquipélago, da ajuda disponibilizada pelo Estado para o combate às chamas.
Na sexta-feira à noite o executivo madeirense recusou um reforço proveniente do continente e no sábado reiterou a posição, mas recuou no mesmo dia.
O incêndio que lavra desde quarta-feira na Madeira continua hoje à noite a afetar os concelhos de Câmara de Lobos e Ponta do Sol, com o foco “mais preocupante” no Curral das Freiras, indicou a proteção civil, num balanço divulgado às 21:00.
Na nota, o SRPC indica que nos “teatros de operações” do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, e no Paul da Serra/Lombada, no município da Ponta do Sol, estão 100 operacionais, apoiados por 20 veículos. O meio aéreo esteve também a operar durante o dia.
O SRPC adianta também que hoje registaram-se “três ocorrências envolvendo bombeiros, dois dos Açores e um do continente, que apresentaram sintomas relacionados com mal-estar e indisposição”.
Os três bombeiros receberam assistência no local, tendo dois deles sido depois encaminhados pela equipa de saúde do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, segundo a proteção civil da Madeira.
Nestes sete dias de incêndio, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.
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