De acordo com o relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), relativo ao período entre 01 de janeiro e 31 de agosto, registaram-se um total de 12.377 ocorrências (2.652 incêndios florestais e 9.725 fogachos), que resultaram em 213.986 hectares de área ardida de espaços florestais.

Até 31 de agosto houve 915 reacendimentos, menos 18% do que a média anual do período 2007-2016.

O distrito com maior área ardida é Castelo Branco, com 37.234 hectares, cerca de 17% da área total ardida até à data em Portugal Continental, seguido de Santarém, com 35.937 hectares, e de Coimbra, com 25.593 hectares.

O incêndio que provocou maior área ardida no distrito de Castelo Branco teve a sua origem na freguesia de Várzea Dos Cavaleiros, concelho da Sertã, e consumiu 29.752 hectares de espaços florestais (80% do total ardido no distrito).

Já em termos de ocorrências, o distrito com maior número é o Porto (2.969), seguido de Braga (1.333) e Viseu (1.203).

"Em qualquer um dos casos as ocorrências são maioritariamente fogachos, ou seja, ocorrências de reduzida dimensão que não ultrapassam 1 hectare de área ardida. No caso específico do distrito do Porto a percentagem de fogachos é de 89%", esclarece o relatório do INCF.

Da análise do índice de severidade diário (DSR), acumulado desde 1 de janeiro, o ICNF indica que 2017 é o segundo ano mais severo desde 2003, ultrapassado apenas por 2005.

Face às condições meteorológicas adversas, favoráveis à propagação de incêndios florestais, a Autoridade Nacional de Proteção Civil decretou, até à data, 66 dias de alerta especial de nível amarelo ou superior do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), dos quais se destacam 28 dias em agosto, acrescenta o relatório.

O número de ocorrências registado mensalmente mostra que apenas os meses de janeiro, abril e junho de 2017 ficaram acima das médias mensais do decénio 2007-2016. Em agosto registou-se o maior número mensal de ocorrências (3.921).

O mês de agosto lidera com a maior área ardida em Portugal Continental (81.313 hectares), que representa cerca de 38% da área ardida total até à data.

Quanto aos grandes incêndios (com área total afetada igual ou superior a 100 hectares), até 31 de agosto registaram-se 123 incêndios desta categoria, que queimaram 193.111 hectares de espaços florestais, cerca de 90% do total da área ardida.

Segundo os dados do ICNF, os piores anos de sempre em área ardida registaram-se em 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089).

Quase 79% de Portugal continental encontrava-se em julho em situação de seca severa e extrema, segundo o boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que aponta um ligeiro desagravamento da seca severa (passou de 72,3% para 69,6%) e um pequeno agravamento na seca extrema (passou de 7,3% para 9,2%).

Mais de 20.000 hectares eram área protegida

Segundo o mesmo relatório, entre 1 de janeiro e 31 de agosto terão ardido 20.781 hectares de espaços florestais da rede Nacional de Áreas Protegidas, com destaque para o Parque Natural do Douro Internacional pela maior extensão de área afetada (6.685 hectares, cerca de 7,7% da área total do parque).

Os incêndios destruíram 60% do Monumento Natural das Portas de Ródão e 52,9% da paisagem protegida da Serra da Gardunha (5.563 hectares ardidos), além de 7,2% do Parque Natural do Vale do Tua, com 1.784 hectares ardidos.

O relatório do INCF indica ainda que arderam 4,6% (4.109 hectares) da área do Parque Natural da Serra da Estrela, 4,5% (149 hectares) da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros e Bragança, 4% (288 hectares) da área do Parque Natural do Alvão e 1,3% (919 hectares) do Parque Natural da Peneda-Gerês.

As áreas protegidas terrestres ocupam, aproximadamente, 712 mil hectares e os terrenos submetidos ao regime florestal 523 mil hectares (55 mil em matas nacionais e 468 mil em perímetros florestais).

Até 31 de agosto de 2017, segundo a cartografia do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia (EFFIS/JRC), estima-se que arderam 13.796 hectares de terrenos submetidos ao regime florestal (cerca de 2,6%).

Segundo a mesma fonte, a única mata nacional afetada foi a da Covilhã, onde se estima que arderam 142 hectares (cerca de 35,8% da mata nacional)