O Governo anunciou hoje o prolongamento “até ao final de domingo” da declaração de situação de alerta em todos os distritos de Portugal continental, face ao risco de incêndio rural, apelando ao cumprimento da proibição do uso do fogo.

“As próximas 48 horas continuam a inspirar cuidado, inspiram atenção, vamos manter alguns distritos em alerta vermelho e também outros em alerta laranja. Fruto disso, a decisão foi de prolongar a declaração de situação de alerta a todo território nacional [continental] até ao final do dia de domingo”, afirmou a secretária de Estado da Administração Interna.

A declaração foi mais tarde formalizada, com o envio às redações da Declaração da Situação de Alerta por parte do Ministério da Administração Interna.

"Face às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para um significativo agravamento do risco de incêndio rural, os Ministros da Defesa Nacional, da Administração Interna, do Ambiente e Ação Climática e da Agricultura determinaram esta sexta-feira o prolongamento da Declaração da Situação de Alerta em todo o território do Continente", lê-se no documento.

Patrícia Gaspar falava no final de uma reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), que decorreu na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras, distrito de Lisboa.

De acordo com o comandante operacional nacional de Emergência e Proteção Civil, Duarte Costa, estarão em estado especial de alerta vermelho, o mais grave da escala utilizada pela Proteção Civil, os distritos de Vila Real e de Bragança.

Passam a estado de alerta laranja (o segundo nível mais grave) os distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco, e os restantes distritos do continente estarão em estado de alerta especial amarelo (terceiro nível).

Patrícia Gaspar salientou que este mês de julho tem sido o mais quente desde 1931, com índices de severidade meteorológica bastante elevados e que motivaram parte dos alertas das últimas das últimas semanas.

“No quadro destes alertas destacava também que temos já a registar mais de 1.700 ocorrências, sendo que grande parte delas se concentra nos distritos do Norte e, portanto, isto é uma situação absolutamente preocupante que temos de tentar inverter”, salientou.

Quinta-feira foi, segundo a governante, “um dos dias mais difíceis deste ano, com cerca de 140 fogos”, dos quais se destacaram “cinco incêndios complexos”, hoje debelados, que no total envolveram mais de seis mil operacionais e cerca de 140 missões com meios aéreos”.

De acordo com Duarte Costa, até hoje há a lamentar as mortes - ligadas a uma ocorrência - de quatro bombeiros, “em situações completamente diferentes”, e cerca de duas dezenas de operacionais com ferimentos, desde necessidade de assistência até feridos com alguma gravidade.

O que está em estado mais grave nesta altura é um bombeiro voluntário de Cuba, no Alentejo, que no entanto tem evoluído muito satisfatoriamente e estará livre de perigo, destacou.

“Não há um padrão efetivo relativamente àquilo que se tem passado”, disse, salientando, contudo, que as operações são complicadas, levando a um stress elevado dos operacionais, “que tentam fazer cada vez mais e mais depressa”.

“Apelo a todos os operacionais que estão no âmbito do sistema de proteção civil, a todos os agentes de proteção civil, para que na utilização daquilo que são os seus meios de transporte façam as suas deslocações para o teatro de operações com calma e respeitando os limites de segurança”, destacou.

Militares vão manter-se no terreno

Cerca de 300 militares vão estar no território continental até domingo em missões de vigilância e patrulhamento dissuasor de fogos florestais, anunciou hoje o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA).

As ações agora programadas vão ocorrer em oito distritos de Portugal, “empenhando 18 patrulhas diárias (quatro da Marinha e 14 do Exército), num total de 162 militares nos três dias”, lê-se em comunicado do EMGFA.

“Resultante de um pedido da GNR ao EMGFA, foi igualmente ativada, desde ontem [quinta-feira] e até ao final o dia de hoje, uma aeronave P-3C CUP+ORION, com uma tripulação de 13 militares que está a sobrevoar 15 distritos”, refere.

Aqueles números de efetivos somam-se aos 119 que já se encontram nas mesmas funções: “108 militares no âmbito do Plano Faunos, em apoio ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, nove militares no âmbito de protocolos municipais, em missões de vigilância e sensibilização da população, e dois militares que constituem a tripulação do helicóptero “Koala”, que realiza operações de reconhecimento, avaliação e coordenação.

Na quarta-feira, o Governo anunciou que Portugal continental entraria em situação de alerta a partir das 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de sexta-feira, face à previsão de "um significativo agravamento do risco de incêndio rural".

Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) justificava a decisão com as previsões meteorológicas de um significativo agravamento do risco de incêndio rural.

Em situação de alerta é proibida a realização de queimadas e o uso de fogo de artifício ou de outros artefactos pirotécnicos, e são proibidos o acesso, a circulação e a permanência em espaços florestais "previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios".

Também não são permitidos trabalhos florestais e rurais com equipamentos elétricos em espaços, como motorroçadoras, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal.

São permitidas, no entanto, alimentação de animais, execução de podas, regas, extração de cortiça e mel e colheitas de culturas agrícolas, desde que "sejam de caráter essencial e inadiável", em zonas de regadio, sem materiais inflamáveis e fora de floresta e mata. São permitidos ainda trabalhos de construção civil, "desde que inadiáveis e que sejam adotadas as adequadas medidas de mitigação de risco de incêndio rural".

*Com Lusa

[Notícia atualizada às 18:42]

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