Rui Rocha reagia às declarações de hoje de manhã do primeiro-ministro, António Costa, que não quis comentar a exoneração do secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, apelando a que se deixe a “justiça funcionar”.
“Nós vamo-nos hoje concentrar naquilo que importa à vida dos portugueses, e, sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, aquilo que eu sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes”, afirmou António Costa, no Palácio de Monserrate, em Sintra (distrito de Lisboa), onde decorre hoje um Conselho de Ministros informal.
Segundo Rui Rocha, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao Mercado dos Lavradores, no Funchal, na Madeira, “a Iniciativa Liberal entende que todo o exercício de poder político que esteja sob suspeição obviamente preocupa os portugueses”.
“Eu bem sei que para António Costa isto são casos, casinhos. Tenta desvalorizá-los, mas estamos aparentemente com a evidência, pelo menos a suspeita, não sei se é corrupçãozinha, se é corrupção, mas de alguma coisa com alguma gravidade e, portanto, obviamente isso preocupa os portugueses. É um tema que deve ser esclarecido e fica mal até ao primeiro-ministro estar a tentar desvalorizar uma situação destas”, defendeu.
Sobre a afirmação de António Costa de deixar a “justiça a funcionar”, o líder da IL disse que “quando lhe convém os tempos são os dele, quando não lhe convém então é o tempo da justiça”.
“Compreende-se que umas horas depois de António Costa ter pedido a exoneração de Marco Capitão Ferreira ele tenha sido constituído arguido neste processo?”, questionou Rui Rocha.
“Quer-me parecer que houve alguma informação que chegou mais depressa ao primeiro-ministro do que a muitos portugueses. Portanto é uma pergunta que eu deixo, o tempo da justiça foi cumprido aqui?”, acrescentou.
Questionado sobre qual a solução necessária para resolver a instabilidade no Governo, o presidente da IL apontou que “alguns dos ministros que saíram ou que não saíram, mas estão francamente condicionais, já foram objeto de remodelação”, referindo-se ao ministro das Infraestruturas, João Galamba.
“E, portanto, eu diria que não é uma questão de remodelações. Vamos ver quem é o ponto comum deste Governo. O ponto comum é o primeiro-ministro, é um primeiro-ministro completamente esgotado, sem credibilidade, incapaz de gerir a sua própria casa”, considerou.
Na sexta-feira, o Presidente da República aceitou a exoneração do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, proposta pelo primeiro-ministro.
A proposta de exoneração foi divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro pelas 09:00, com a indicação de que “lhe foi transmitida pela ministra da Defesa Nacional [Helena Carreiras], a pedido do próprio”.
O secretário de Estado da Defesa demissionário foi, entretanto, constituído arguido no âmbito do processo “Tempestade Perfeita”, que levou a Polícia Judiciária a fazer buscas no Ministério da Defesa.
Marco Capitão Ferreira é suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio.
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