A notícia foi avançada pelo Observador, que dá conta desta segunda edição de um questionário lançado em 2015, mas ao qual foram adicionadas questões que estão a indignar alguns funcionários públicos, uma vez que estes são convidados a avaliar políticas do governo PS e os impactos da intervenção da troika, que coincide com a governação de Pedro Passos Coelho.

As perguntas polémicas do inquérito, que terá de ser respondido até 30 de setembro, surgem da secção dos "fatores de motivação/satisfação no trabalho na Administração Pública".

Aqui os inquiridos são convidados a responder se o período da troika influenciou negativamente a sua motivação no trabalho; se a reposição dos salários afetou positivamente a sua motivação no trabalho; se o descongelamento progressivo das carreiras é motivador; e, por fim, se se sente hoje mais motivado no trabalho do que há cinco anos. As respostas podem ser "totalmente em desacordo", "em desacordo", "de acordo" e "totalmente de acordo".

Além de fugirem à lógica das restantes perguntas do questionário, estas são formuladas de forma positiva nas medidas implementadas pelo atual governo e formuladas pela negativa no que toca às medidas impostas pelo executivo de Pedro Passos Coelho.

Acrescenta a publicação que a referência temporal adotada neste questionário — "há cinco anos" — está ser entendida por alguns trabalhadores como uma forma de situar o comparativo com o período de governação de Pedro Passos Coelho.

O questionário de 2015 apenas tinha perguntas do tipo "O meu superior hierárquico reconhece a qualidade do meu desempenho?”; “Sinto-me realizado(a) profissionalmente?”; ou “As minhas potencialidades profissionais estão plenamente aproveitadas?”, lista por comparação o Observador.

Questionada sobre a polémica, a Direcção-Geral da Administração e Emprego Público esclarece que as novas perguntas são fruto de sugestões recolhidas no inquérito de 2015 e que se visa com este questionário “atualizar a informação recolhida, de forma a aferir a tendência evolutiva nos diferentes parâmetros analíticos”. No entanto, como destaca o Observador, é impossível avaliar esta evolução nos casos em que as perguntas não foram feitas há quatro anos.

A presidente da UGT e da mesa do Congresso dos TSD (Trabalhadores Sociais Democratas), Lucinda Dâmaso, considera que estas perguntas em período de campanha são "de evitar", mas disse não estar surpreendida: “em ano eleitoral acaba por valer tudo”, disse.

Citada pelo jornal i, Ana Avoila, da Frente Comum, um dos sindicatos afetos à CGTP, considerou que as referências neste inquérito "são “uma forma indireta de apelo ao voto” ou, no limite, “uma forma de coagir os trabalhadores”.