"Existe uma coincidência temporal entre a concessão dos empréstimos da Caixa Geral de Depósitos [CGD] a Joe Berardo com o acordo do Governo acionista da Caixa para que a sua coleção pudesse ser exposta no Centro Cultural de Belém [CCB]", de acordo com a proposta do PSD, lida pelo deputado Duarte Pacheco.
A proposta do PSD foi aprovada com 10 votos a favor, de todos os grupos parlamentares (PSD, BE e PCP) exceto do PS, que se absteve, num total de sete votos.
No debate que antecede as votações a proposta gerou alguma discórdia entre PSD e PS, já que no entender dos socialistas houve "oportunismo de tentar lançar certas insinuações" que, do seu ponto de vista, "não estão factualizadas [...], mas que o relatório trata com a devida objetividade", nas palavras do deputado socialista João Paulo Correia.
A polémica deveu-se a que a proposta inicial do PSD incluía uma referência a "recursos a artifícios para ludibriar as administrações da Caixa e de outros bancos" por parte de José Berardo, que de acordo com os socialistas não está relacionada com o acordo com o Estado para a exibição das obras de arte no CCB e a concessão de créditos.
A referência crítica ao comportamento de José Berardo no parlamento acabou por ser votada separadamente, tendo sido aprovada por unanimidade.
Em 2006, a Fundação Coleção Berardo foi criada com a participação do colecionador, do Estado, através do Ministério da Cultura, e da Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), com a missão de criar o Museu Berardo para exibir um acervo inicial de 862 obras da coleção de arte moderna e contemporânea do empresário.
As obras foram então cedidas ao Estado, num acordo de comodato por 10 anos, e avaliadas nessa altura em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie's.
O contrato de comodato com o Estado foi assinado em 2006, ano em que foram aprovados os créditos da Caixa Geral de Depósitos à Fundação José Berardo.
Em 2015, segundo uma auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos, a exposição do banco público à Fundação José Berardo era de 268 milhões de euros, depois de uma concessão de crédito de 350 milhões de euros para compra de ações no BCP, dando como garantia as próprias ações, que desvalorizaram consideravelmente e geraram grandes perdas para o banco.
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