Este trabalho, que o regulador efetuou entre 18 junho de 2018 e 6 agosto de 2018, conclui que, em comparação com os não investidores, “os investidores aparentam efetuar uma ligeira sobreavaliação dos seus conhecimentos. O significado de capital garantido de um investimento na data de vencimento reúne a menor percentagem de respostas corretas, quer o respondente seja investidor ou não investidor. Adicionalmente, em média os investidores são menos avessos ao risco” lê-se no estudo.
Além disso, os dados recolhidos no inquérito indicam que “os não investidores têm maior aversão à perda, são mais propensos a percecionar eventos independentes como sendo (inter)dependentes” e “apresentam maior tendência para venderem demasiado depressa ativos que valorizaram desde a compra”.
Já os investidores demonstram “uma maior tendência para não venderem atempadamente títulos que nesse momento valem menos do que na altura da sua compra”, revela a CMVM.
O inquérito mostra ainda que “quer os investidores quer os não investidores consultam as suas carteiras de investimentos com praticamente a mesma frequência, independentemente de os preços estarem a subir ou a descer”.
Segundo a CMVM, no que diz respeito ao processo de decisão “os investidores são mais autónomos, valorizando mais a sua própria experiência do que o aconselhamento externo”.
Por isso, aqueles “dão particular importância ao entendimento dos rendimentos, níveis de risco e vantagens associadas a uma decisão de investimento, bem como aos preçários praticados por cada intermediário financeiro, mostrando-se mais propensos do que os não investidores a efetuar a comparação prévia das taxas de juro ou de rentabilidade dos produtos”, realça o inquérito.
Já os não investidores colocam mais peso nas características dos emitentes, ou seja, na sua notoriedade e nacionalidade, entre outros fatores.
Por outro lado, a maioria dos respondentes acredita que são “muito ou extremamente importantes todos os fatores de risco, com especial relevância para os riscos de conflitos de interesses e de crédito”, lê-se no documento.
O inquérito revela ainda que cerca de três em cada cinco investidores “efetua alguma diversificação dos seus investimentos, ao deterem em carteira três ou mais tipos de ativos financeiros”, sendo que esta carteira pesa menos de 25% no património total.
Os ativos mais presentes são os PPR (Plano Poupança Reforma), ações, fundos de investimento e dívida pública, sendo que os detentores destes instrumentos estão otimistas com a sua 'performance'.
A CMVM obteve 2.311 respostas válidas ao inquérito, sendo que entre os respondentes 81,8% são do sexo masculino.
Cerca de 59,3% dos inquiridos que responderam têm idades entre os 40 e os 69 anos, 33,1% têm idade inferior a 39 anos e 7,6% têm 70 ou mais anos. A nível de escolaridade, 68,8% dos respondentes concluíram pelo menos a licenciatura e 23,3% completaram o ensino secundário.
A maioria dos respondentes é trabalhador por conta de outrem e aproximadamente metade reside na região de Lisboa e Vale do Tejo (49,6%), enquanto 24,8% residem no Norte e 15,0% no Centro do país.
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