"Na discussão de operação, é natural que o administrador de pelouro [Armando Vara] tenha dado uma opinião favorável à operação", afirmou Alexandre Santos sobre o financiamento a Vale do Lobo, na sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da CGD, que decorreu hoje na Assembleia da República, em Lisboa.
Numa troca de palavras com a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua, o ex-diretor da CGD referiu que, no entanto, não conseguia "dizer se houve debate entre os administradores e que houve um que defendeu e outros que não defenderam" a operação.
"Nós quando estamos no conselho não estamos a defender as operações", declarou Alexandre Santos, que revelou preferir o verbo "apresentar", relativamente a propostas, quando questionado por Mariana Mortágua se o ex-administrador da CGD Armando Vara, condenado por tráfico de influências, tinha "defendido o negócio em Conselho Alargado de Crédito [CAC]".
"Repare, não é uma grande adivinhação, uma vez que o negócio veio de Armando Vara, era Armando Vara que tinha o pelouro que negociou a participação", sustentou a parlamentar do BE.
Alexandre Santos acrescentou que a possibilidade de sindicar a operação de Vale do Lobo com outras instituições bancárias nunca foi uma "obrigação" e que caso a opção de sindicação tivesse sido delegada num administrador do banco "então já não era preciso voltar" ao CAC.
A deputada do BE mostrou-se então surpreendida pela presença da expressão "possibilidade de sindicar a operação" num dos documentos de financiamento a Vale do Lobo, se acabou por não ser tomada.
O ex-diretor de empresas Sul da CGD disse ainda que "nunca" viu uma votação formal nos conselhos de crédito em que participou, mas sim que "havia a discussão" e, no final da reunião, "dizia-se que a operação estava autorizada ou não estava autorizada".
Relativamente à avaliação de património dos administradores do projeto de Vale do Lobo, para eventualmente serem utilizados como garantia, Alexandre Santos disse que a Caixa não ponderou "o património dos avalistas com a operação de crédito", uma vez que "o dinheiro já estava do lado de lá".
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