Nas respostas escritas às perguntas da Comissão Parlamentar de Inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e à Gestão do Banco, a que a Lusa teve acesso, Sócrates refere que o seu “governo sempre respeitou a autonomia de gestão da administração” do banco público “e nunca interveio em matérias que eram da competência da administração do banco – e, em consequência, da sua responsabilidade”.

Sócrates, que foi primeiro-ministro entre 2005 e 2011, refere que “o parlamento já fez duas comissões de inquérito [à CGD] e ouviu dezenas e dezenas de testemunhas" e que em "nenhum momento [...] se ouviu alguém dizer que" ele ou o ministro das Finanças que tutelava essa área política alguma vez tenham "tentado intervir nesses assuntos, dando orientações ou fazendo sugestões”.

“Essas alegações foram desmentidas por todos os que prestaram declarações. Não obstante, as acusações não param. Elas são repetidas e repetidas – talvez na esperança que, de tanto repetir, se possa esconder a evidência de não haver indício algum que possa sustentar tão injusta alegação”, acrescenta.

José Sócrates salienta um facto que considera “absolutamente insólito”: “Nas duas comissões de inquérito só houve um momento – um único momento – em que um administrador se referiu a uma intervenção do governo na Caixa: a venda da posição que o banco detinha na Cimpor à empresa brasileira Camargo Correia”.

“O anúncio de aceitação da venda foi feita 26 minutos após o lançamento da OPA [Oferta Pública de Aquisição]. Segundo os jornais, o antigo administrador Nogueira Leite terá afirmado na comissão de inquérito que ‘a Caixa Geral de Depósitos foi pressionada pelo conselheiro especial do governo de Passos Coelho para as privatizações (António Borges)’, adiantando ainda que ‘a venda da cimenteira foi contra a opinião da administração da Caixa Geral de Depósitos’. Esta intervenção é de legitimidade muito discutível, mas ninguém sugeriu que o primeiro-ministro da altura prestasse depoimento”, afirma Sócrates.

Na verdade, diz o antigo primeiro-ministro, “ninguém mais falou no assunto” e acrescenta: “Julgo que será fácil imaginar o que aconteceria se tivesse sido um assessor meu a dar instruções à administração da Caixa para vender a Cimpor a uma empresa brasileira”.

As audições da comissão de inquérito à CGD já terminaram, tendo o relatório de ser entregue até 15 de julho (o deputado-relator é João Almeida, do CDS-PP), sendo depois discutido e votado em comissão, o que deverá acontecer a 17 ou 18 de julho, de modo a que o relatório final seja discutido no último plenário deste ano parlamentar, marcado para 19 de julho.

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