A investigação incidiu sobre dois navios movidos a GNL e foi feita no porto de Roterdão, o maior da Europa, utilizando uma câmara de infravermelhos, com um filtro especial que permitia detetar gases de combustíveis fósseis.
Através desse método foi possível ver o metano por queimar a “ser libertado para atmosfera a partir de navios movidos a gás liquefeito”. O metano é um potente gás com efeito de estufa.
“Os políticos europeus estão ‘a brincar com o fogo’ ao apoiarem o GNL, já que, num período temporal de 20 anos, o metano tem um potencial de aquecimento 80 vezes superior ao do dióxido de carbono” diz a T&E, uma entidade que junta organizações da área do ambiente e transporte sustentável.
Ao promoverem os navios movidos a GNL os políticos europeus “estão a prender-nos a um futuro ligado ao gás fóssil”, e por mais que estes navios sejam pintados de verde a verdade é que a maioria dos navios a GPL atualmente no mercado “é pior do que os navios movidos a combustíveis fósseis”, reforça-se no comunicado.
A investigação da T&E, da qual a associação ambientalista portuguesa Zero faz parte e que divulgou o estudo em Portugal, indica que as fugas de metano ocorrem ao longo da cadeia de abastecimento de gás fóssil, uma questão particularmente problemática nos motores dos navios.
A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla original) estima que entre 0,2% e 3% das fugas de gás resultantes do processo de combustão são lançadas diretamente para a atmosfera.
“Atendendo a que o GNL é tipicamente constituído por cerca de 90% de metano, qualquer combustível por queimar que se escape pelo motor será também maioritariamente constituído por metano”, salienta-se no comunicado.
No documento nota-se que no ano passado foram comissionadas mais embarcações movidas a gás fóssil do que nos quatro anos anteriores, sendo os navios movidos a GNL promovidos como uma alternativa limpa aos combustíveis tradicionais.
E lembra-se que uma análise recente demonstrou que mais de dois terços dos novos navios poderão vir a ser movidos a gás natural até 2025.
“Estamos a viver uma crise climática e não nos podemos dar ao luxo de colocar mais metano na atmosfera”, diz a federação no comunicado divulgado pela Zero.
A organização ambientalista portuguesa diz também no comunicado que a investigação devia funcionar como um aviso aos políticos de que é errado apostar no GNL e de que se devia sim apostar no hidrogénio.
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