Nuno Bicho, diretor do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução Humana da Universidade do Algarve, vai ser coeditor chefe da revista com o título “Journal of Paleolithic Archaeology”, juntamente com o colega Shannon McPherron, do Instituto para a Antropologia Evolutiva Max Planck, da Alemanha, e contou à agência Lusa como surgiu a ideia de criar uma publicação dedicada especificamente à evolução humana.
O investigador disse ter chegado à conclusão, com o colega do instituto alemão, de que não havia uma revista internacional “reconhecida e com mérito que focasse apenas essa temática” e os dois decidiram reunir “um conjunto de investigadores muito alargado de todo o mundo” que produzisse trabalho científico sobre a evolução humana e apresentar a ideia ao grupo Springer Nature, que aceitou publicar a revista online.
“O objetivo é publicar todo o tipo de trabalhos inéditos, com informações novas sobre a evolução humana e a ocupação humana em todos os continentes. Nós temos a evolução humana relativamente bem estudada em África e na Europa, mas regiões como a Ásia, a Oceânia e as Américas não têm um estudo tão aprofundado. A ideia é trazer autores e investigadores de todo o mundo que publiquem sobre a ocupação humana nessas regiões”, revelou o investigador.
Nuno Bicho reconheceu que não foi fácil reunir pessoas “com qualidade” para colaborar nestes projetos, mas assegurou que houve “a preocupação de escolher pessoas que, por um lado, são reconhecidas mundialmente e, por outro, são isentas em termos de política e investigação”.
“Todos temos perspetivas diferentes e há pessoas que muitas vezes não são bem vistas por terem posições muito drásticas ou diferentes. O conjunto de pessoas que fomos buscar e que convidámos está muito bem visto internacionalmente e são pessoas também de boas relações humanas com a sociedade científica”, sustentou.
Nuno Bicho adiantou que o acesso online à revista será gratuito durante, pelo menos, dois anos e precisou que a ideia inicial é “ter quatro números por ano, com uma média de oito artigos por número”.
A mesma fonte considerou que vai ser uma publicação “revista por pares” e, “portanto, com um nível de qualidade elevado”, que terá um conteúdo “tendencialmente científico” e será destinada a um público de “especialistas e alunos que se interessem pela área”.
“Como é online, não temos limite de páginas e a ideia é termos um tipo de artigo com extensão que não é habitual nas publicações de papel”, adiantou Nuno Bicho, frisando que há possibilidade de divulgar “estudos bastante longos e aprofundados”.
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