A câmara transmite o seu pesar aos familiares e amigos de Jean Loup Passek e salienta que o crítico de cinema “será para toda a eternidade lembrado como um grande amigo de Melgaço”, tendo sido recentemente homenageado com o título honorífico de Cidadão de Honra.

“Foi quando filmava, no início da década de 1970 nos arredores de Paris, um documentário sobre a imigração, que entrou em contacto com vários membros da comunidade portuguesa, entre os quais se incluíam dois habitantes do concelho de Melgaço com quem viria a estabelecer laços de profunda amizade”, recorda a autarquia, explicando que este encontro “marcou o início de uma relação profunda com Portugal, que, com o correr do tempo, se viria a tornar numa segunda pátria”.

Segundo a informação partilhada pelo município de Melgaço, Jean-Loup Passek foi diretor editorial do "Dictionnaire Larousse du Cinéma", conselheiro para o cinema do Centre Georges Pompidou, fundador e diretor do Festival de la Rochelle e coordenador da "Caméra d'Or" do festival de Cannes.

Colecionou inúmeros objetos, testemunhos, documentos, raridades da Sétima Arte, reunindo um espólio pessoal com mais de cem mil fotografias, milhares de cartazes, livros e um magnífico conjunto de aparelhos do período do designado pré-cinema.

Jean-Loup Passek foi distinguido em setembro com a Medalha de Mérito Cultural, na Cinemateca Portuguesa, que lhe foi entregue pelo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado.

O atual ministro da Cultura português manifestou hoje pesar pela morte de Jean-Loup Passek, prestando o "devido reconhecimento" pelo trabalho de divulgação do cinema e, em particular, do cinema português.

Numa nota enviada à agência Lusa, Luís Filipe Castro Mendes sublinhou não esquecer "a generosidade de Jean-Loup Passek e a responsabilidade que representa o legado" de um homem que "além de ter dicionarizado o cinema, foi parte ativa na sua divulgação".

O ministro lembrou que o investigador "descobriu Portugal há quase 50 anos nos arredores de Paris". "Naquele lugar improvável nasceu o enamoramento pela cultura portuguesa e pelo país que havia de escolher como segunda pátria", afirmou. "Um amor que nos fez herdeiros do seu acervo, coleção que esteve na base da criação do Museu de Cinema de Melgaço - Jean-Loup Passek", sublinhou.