Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a realizar um estudo para identificar causas e consequências dos acidentes com engenhos explosivos registados nos últimos 20 anos em Portugal, revelou hoje esta Faculdade numa nota enviada à agência Lusa.
Do estudo, que está a ser desenvolvido por solicitação da Polícia de Segurança Pública (PSP), no âmbito do projeto ‘Mais segurança, menos acidentes’, resultará “um conjunto de medidas de prevenção a adotar em situações de fabrico ou de emprego de produtos explosivos ou artigos pirotécnicos”.
Para a realização do estudo, sob coordenação científica de José Carlos Góis, a equipa de especialistas recorre a informação do arquivo do Departamento de Armas e Explosivos da PSP.
“Estamos a tratar e analisar essa informação, de forma confidencial, para determinar, por exemplo, o número mensal e anual de acidentes, feridos (ligeiros e graves) e mortos; o lugar, freguesia e concelho onde ocorreram os acidentes; a causa provável, o tipo e dimensão dos danos; as entidades envolvidas no socorro, prestação de cuidados médicos e análise do acidente”, explica, citado pela FCTUC, José Carlos Góis.
“Em suma, estamos a estudar um conjunto de dados que nos permitam extrair conclusões úteis para o futuro”, sintetiza o investigador.
Os peritos vão ainda recolher e analisar notícias divulgadas em órgãos de comunicação social e procurar obter informações junto de corporações de bombeiros e da Autoridade para as Condições de Trabalho que possibilitem interpretar melhor esse tipo de acidentes.
Deste estudo, que ficará concluído até ao final de 2019, resultará a apresentação de “um conjunto de medidas de prevenção a adotar em situações de fabrico ou de emprego de produtos explosivos ou artigos pirotécnicos, bem como um modelo único de registo deste tipo de acidentes assente numa plataforma ‘online’, por forma a uniformizar os procedimentos das diversas entidades intervenientes no processo”, refere José Carlos Góis.
Nesse sentido, o relatório produzido pela equipa da FCTUC será “amplamente discutido com um grupo alargado de profissionais que atuam neste tipo de acidentes”, nomeadamente bombeiros, PSP, GNR e INEM.
As conclusões do estudo serão também uma contribuição para a reformulação do regime jurídico dos Produtos Explosivos e Substâncias Perigosas, que está em curso, que visa reunir a legislação que “atualmente se encontra dispersa por vários diplomas”, conclui o especialista da FCTUC.
Em Portugal, há atualmente três fábricas que produzem explosivos para aplicação em pedreiras e em obras, e 40 empresas (oficinas) de pirotecnia, na sua maioria de dimensão familiar.
Comentários