A investigadora do CINTESIS Daniela Ferreira Santos explicou hoje à Lusa que a nova ferramenta, disponível online, pode ser usada pelos médicos, nomeadamente pelos médicos de família, para calcular automaticamente a probabilidade de alguém sofrer de apneia obstrutiva do sono.
Para desenvolver esta ferramenta, os investigadores avaliaram cerca de três centenas de doentes seguidos no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho.
Os resultados revelaram que 63% dos doentes com apneia obstrutiva do sono eram homens e 73% tinham mais de 55 anos de idade, sendo que 23% tinham entre 40 e 54 anos.
“O objetivo do uso desta ferramenta é fazer uma triagem, identificando as pessoas que provavelmente sofrem desta doença e evitando que as pessoas que provavelmente não sofrem sejam sujeitas a exames desnecessários. Desta forma, podemos diminuir as pessoas que são referenciadas para fazerem o exame”, disse a investigadora.
Atualmente, segundo Daniela Ferreira Santos, “calcula-se que 34% das polissonografias – o exame tradicionalmente prescrito para diagnosticar apneia obstrutiva do sono – têm, afinal, um resultado normal, o que significa que um grande número de exames é prescrito e realizado desnecessariamente”.
Em comunicado, o coordenador do trabalho e especialista em inteligência artificial aplicada à saúde, Pedro Pereira Rodrigues, explica que “trata-se de um exame dispendioso que exige a presença de técnicos, implica longas listas de espera e está muito limitado às áreas urbanas”.
A ferramenta não pretende substituir os exames clínicos. O objetivo é triar os casos, dando prioridade aos pacientes que têm de ser vistos rapidamente pelos profissionais de saúde.
Além disso, refere o investigador, “este método permite detetar doentes com apneia obstrutiva do sono num estádio ligeiro, que poderiam passar despercebidos, de modo que possam ser diagnosticados e iniciar o tratamento o mais precocemente possível”.
O grupo de investigação espera que a utilização deste método na prática clínica consiga detetar mais de 90% dos casos de apneia obstrutiva do sono e evite que um em cada cinco indivíduos realize uma polissonografia, com poupanças de milhares de euros em exames, consultas e recursos humanos.
De acordo com os dados disponíveis, “cada exame custa cerca de mil euros”, acrescenta o CINTESIS.
O CINTESIS é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.
Sediado na Universidade do Porto, o CINTESIS beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete spin-offs.
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