O Irão é, desde 16 de setembro, palco de manifestações de rua desencadeadas pela morte da jovem de 22 anos, violentamente espancada e detida na capital a 13 de setembro pela “polícia da moral”, por ter, segundo esta, infringido o rígido código de indumentária da República Islâmica para as mulheres, ao deixar à vista parte do cabelo, embora envergasse o obrigatório ‘hijab’ (véu islâmico).
A jovem foi hospitalizada em coma e morreria três dias depois.
Dezenas de pessoas foram mortas em quase um mês de protestos, sobretudo manifestantes, mas também elementos das forças de segurança, e centenas de outras foram detidas, de acordo com as autoridades iranianas.
Na sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos disse estar “ao lado dos cidadãos, as bravas mulheres do Irão”, manifestando-se “espantado” com os protestos.
As mulheres “devem ser capazes de usar o que quiserem”, sustentou Joe Biden, sublinhando que “o Irão deve acabar com a violência contra os seus próprios cidadãos que estão simplesmente a exercer os seus direitos básicos”.
“As palavras do Presidente norte-americano, que se permite a incitar ao caos, o terror e à destruição de outro país, lembram as eternas palavras do fundador da República Islâmica [Aiatola Rouhollah Khomeini], que chamou a América de grande Satanás”, refere Ebrahim Raisi, segundo um comunicado de imprensa da Presidência.
O líder do Irão considera que “a conspiração do inimigo deve ser combatida por medidas eficazes para resolver os problemas das pessoas”.
Também a Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irão, acusou hoje o Ocidente de fomentar “motins” em várias escolas, denunciando uma “invasão cultural, política e de segurança” no país.
O movimento de protesto espalhou-se nos últimos dias por várias escolas em todo o país, com vídeos partilhados online de crianças em idade escolar a gritar slogans anti-governo e meninas em idade escolar a removerem os seus véus em protesto.
“Os motins são o produto de grupos de reflexão nos EUA e na Inglaterra e espalharam-se pelas nossas salas de aula”, disse o chefe da Guarda Revolucionária, general Hossein Salami, citado pelo Sepah News, o ‘site’ oficial desta divisão de elite das forças armadas iranianas.
“Hoje, o inimigo abriu um novo campo de invasão cultural, política e de segurança (…) este é o campo de guerra mais complexo onde o inimigo tem uma presença séria”, acusou Salami.
Os Estados Unidos anunciaram sanções económicas a 06 de outubro contra sete altos funcionários iranianos pelo papel que desempenham na repressão de protestos, após uma primeira série de sanções anunciadas em 22 de setembro contra a polícia iraniana e vários funcionários de segurança.
Comentários