“As caixas negras deviam ser enviadas para França em breve, mas o Irão tem explicado que por causa da (doença) covid-19, não pode fazê-lo. Vamos continuar a fazer pressão”, disse Justin Trudeau, numa conferência de imprensa em Otava.

Já em janeiro, dias depois do derrube acidental do aparelho que tinha a bordo vários cidadãos canadianos, Justin Trudeau tinha pedido a Teerão que enviasse para um laboratório em França as caixas negras do avião civil de passageiros.

“Apenas alguns países, como [é o caso de] França, têm os laboratórios capazes de fazê-lo [analisar o conteúdo das caixas negras]”, afirmou na altura o chefe do Governo canadiano, adiantando então que Paris se tinha oferecido para ajudar.

“Vamos continuar a pressionar, porque sabemos que precisamos de respostas, sabemos que precisamos de justiça para as famílias que perderam os seus entes queridos e continuaremos a trabalhar nisso”, reforçou hoje o primeiro-ministro canadiano.

Justin Trudeau referiu ainda ter abordado a questão das caixas negras “há alguns dias” com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.

As caixas negras devem conter informações sobre os últimos momentos antes de o avião ucraniano ter sido atingido por dois mísseis terra-ar e de ter caído.

Na segunda-feira, o Irão justificou que a pandemia da doença covid-19 tinha atrasado os planos para enviar as caixas negras do aparelho para o estrangeiro.

“Não há nada do nosso lado a esconder”, disse o porta-voz do governo, Ali Rabii, durante uma conferência de imprensa em Teerão.

Em 08 de janeiro deste ano, um Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA despenhou-se pouco tempo depois de ter descolado do aeroporto internacional de Teerão.

Dias depois, o Irão acabaria por assumir responsabilidades no derrube do aparelho, tendo informado então que o avião civil ucraniano tinha sido abatido inadvertidamente por militares iranianos que o tinham confundido com um míssil de cruzeiro devido ao estado de alerta decretado por causa do agravamento da tensão entre Washington e Teerão.

Todos os 176 ocupantes do voo da Ukraine International Airlines (UIA) morreram.

A maioria das vítimas tinha nacionalidade iraniana e canadiana, mas também estavam a bordo cidadãos da Ucrânia, Suécia, Afeganistão, Alemanha e do Reino Unido.

Após as autoridades do Irão terem reconhecido a sua responsabilidade, evocando um “erro humano”, foram registadas manifestações no país contra o sistema da República Islâmica.