De acordo com o The Guardian, o sucedido está a ser visto como um resultado do impacto “desastroso” do protocolo da Irlanda do Norte devido ao Brexit.
Este mês, as principais redes de supermercados do Reino Unido alertaram que o abastecimento de produtos alimentares na Irlanda do Norte está sujeito a interrupções devido a novos controlos impostos pela saída do Reino Unido da União Europeia.
“Um camião de batatas fritas ficou parado por dois dias porque o transportador não conseguiu provar que as batatas não tinham sido importadas de outro lugar para o Reino Unido”, disse o conservador Bernard Jenkin ao Comité de Contas Públicas.
Defensor do Brexit, Jenkin disse que “o objetivo do protocolo era evitar que mercadorias em risco entrassem na República da Irlanda” e não verificar itens que iriam ficar na Irlanda do Norte.
“Isto é ridículo, não é uma ameaça para o mercado único. Não adianta aplicar o código aduaneiro da UE a essas mercadorias”, afirmou.
Contudo, as autoridades afirmam que as operações do Brexit estão a funcionar melhor do que o previsto em Dover, o maior porto do Canal da Mancha, bem como sem atrasos nas estradas, tendo 200 camiões saído num período de dois dias.
Por outro lado, também se registam casos de motoristas multados por não terem a autorização devida para entrar no condado de Kent, caminho necessário para posteriormente cruzar o Canal.
O Reino Unido deixou definitivamente o mercado único europeu no final de 2020, depois do período de transição pós-Brexit, que foi substituído por um acordo de comércio que entrou em vigor a 1 janeiro e que permite a troca de bens entre empresas britânicas e da UE sem quotas ou taxas aduaneiras.
Mas o novo sistema também introduziu complicações novas, como despesas e burocracia, incluindo declarações alfandegárias e controlos nas fronteiras.
A Irlanda do Norte continua alinhada com o mercado europeu devido aos termos do acordo para o Brexit, que tentou manter a fronteira aberta com a Irlanda, membro da UE.
Porém, tal também significa que há controlos adicionais entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, incluindo declarações aduaneiras para mercadorias e certificados sanitários de exportação para produtos alimentares de origem animal.
As duas partes concordaram num período de tolerância de três meses, até 1 de abril, e seis meses para certos produtos refrigerados, mas as empresas dizem que já estão a sofrer com o peso da burocracia.
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