A contagem continua em 26 dos 39 círculos eleitorais. O processo é demorado devido ao sistema complexo de voto transferível.

Segundo os dados já divulgados, dos 78 deputados eleitos, 29 são do Sinn Féin, 16 do Fianna Fáil (FF), e 14 do Fine Gael (FG), partido do primeiro-ministro, Leo Varadkar.

Até agora foram ainda eleitos oito deputados independentes, cinco dos Verdes, dois do Solidariedade-Povo antes do Lucro, dois Sociais Democratas, um do Partido Trabalhista, um do Aontú.

A distribuição das primeiras preferências de voto indica que o Sinn Féin, antigo braço político do grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês (IRA), foi o mais votado, com 24,5%, seguido por 22,2% do FF, 20,9% do FG, 7,1% dos Verdes e 4,4% dos Trabalhistas.

O sistema de voto transferível usado nas eleições legislativas irlandesas implica que os eleitores numerem por ordem de preferência os candidatos no boletim, que só são eleitos após atingirem uma certa quota preenchida ao longo de várias contagens, que vão eliminando aqueles com menos votos.

A contagem das segundas preferências e seguintes vai determinar o número exato de assentos que cada partido vai ocupar no Dáil e espera-se que o FG e FF recuperem algum terreno ao Sinn Féin, que apresentou menos candidatos do que os dois grandes rivais.

Ainda assim, a líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, considera que o resultado demonstra que “o domínio do Fine Gael e Fianna Fáil acabou” e reivindica para o seu partido um “mandato muitíssimo significativo”.

Em declarações hoje ao programa Morning Ireland, na RTÉ Radio 1, disse que iria falar com os líderes do FF e FG, mas que a prioridade seria um governo sem nenhum destes partidos, sugerindo uma coligação com os pequenos partidos e independentes.

Todavia, o líder do Partido dos Verdes, Eamon Ryan, admitiu ao mesmo programa que será difícil formar um governo estável com estes resultados, mostrando-se, mesmo assim, aberto a dialogar com qualquer um dos partidos.

As negociações para a formação de um governo poderão ser dificultadas pelas posições de princípio impostas pelo FF e FG durante a campanha de se recusarem coligar-se com o Sinn Féin.

Hoje, o número dois do Fianna Fáil, Dara Calleary, reiterou à RTÉ que continuam a existir “obstáculos difíceis” para um entendimento, embora tenha mostrado alguma flexibilidade.

Já o ministro das Finanças, Pascal Donohue, reconheceu que o Fine Gael “teve umas eleições difíceis”, mas afirmou determinação em ser “relevante para a formação do próximo Governo”, negociando uma coligação para um novo executivo.