Numa mensagem vídeo, a monarca britânica, de 95 anos, disse esperar que a conferência de duas semanas, à qual não poderá assistir por razões de saúde, seja “uma das raras ocasiões em que cada um terá a possibilidade de se elevar acima da política do momento e dar provas de um verdadeiro espírito político”.
“Nenhum de nós subestima os desafios que temos pela frente, mas a história mostra que quando as nações se unem em torno de uma causa comum, há sempre lugar para a esperança”, sustentou, na mensagem transmitida durante uma receção de boas-vindas aos dirigentes mundiais, instando-os a “trabalhar lado a lado” para “resolver os problemas mais difíceis”.
“Muitos são aqueles que esperam que o legado desta cimeira — inscrito nos livros de história que ainda não estão impressos — vos descreva como os líderes que não deixaram passar a oportunidade e que responderam ao apelo das gerações futuras”, insistiu Isabel II.
A soberana, que passou recentemente uma noite hospitalizada para se submeter a exames, viu-se obrigada a cancelar a sua deslocação à COP26 e todos os compromissos constantes da sua agenda oficial pelo menos nas próximas duas semanas.
A sua última aparição em público foi na quinta-feira, quando entregou, numa audiência por videoconferência, a medalha de ouro da poesia ao poeta inglês David Constantine.
“Nenhum de nós viverá eternamente”, acrescentou hoje, mas esta luta contra o aquecimento global não é por nós mesmos, mas pelos nossos filhos, os filhos dos nossos filhos e aqueles que se lhes seguirão”.
A rainha britânica prestou também homenagem ao seu “querido falecido marido”, o príncipe Filipe, que morreu em abril, aos 99 anos, pela consciência ambiental de que deu provas ao levantar a questão há mais de 50 anos.
Numa rara manifestação pública de emoção, Isabel II declarou que o papel importante que o duque de Edimburgo desempenhou, incentivando as pessoas a cuidarem da natureza, foi uma “fonte de grande orgulho” e que “não podia estar mais orgulhosa” do filho mais velho, o príncipe Carlos, e do neto, príncipe William, que prosseguiram o seu trabalho.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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