O Conselho Superior da Magistratura anunciou hoje que vai abrir um inquérito "para cabal apuramento da situação", sobre a alegada relação entre o juiz Nuno Cardoso e Paulo Vistas, o atual presidente da câmara de Oeiras e candidato a um novo mandato nas eleições de 1 de outubro.
Em conferência de imprensa na terça-feira à noite, após a rejeição da candidatura do movimento Isaltino - Inovar Oeiras de Volta, Isaltino Morais garantiu que "cumpriu escrupulosamente a lei" e questionou a imparcialidade do juiz por "relações de amizade ou familiares" a Paulo Vistas, que, segundo disse, foi padrinho de casamento do magistrado.
Na sequência da posição do Conselho Superior da Magistratura, a candidatura de Isaltino Morais considerou a abertura do inquérito um "passo natural, face ao que já é publicamente conhecido da relação próxima entre o candidato Paulo Vistas e o juiz Nuno Cardoso, bem como ao muito que, ao que parece, falta ainda conhecer desta relação".
"Mesmo hoje, tomámos conhecimento que a mulher do Juiz Nuno Cardoso, Catarina Isabel Macedo Cardoso, trabalha, desde o mês de maio deste ano, no laboratório dos Serviços Intermunicipalizados de Oeiras e Amadora, aprofundando a perplexidade da teia de relações entre as partes desta história", lê-se num comunicado da candidatura.
A candidatura de Isaltino Morais acrescentou que aguarda "serenamente" ser chamada a depor em sede de inquérito, sublinhando que "um inquérito apenas é rigoroso quando ouve todas as partes, nada se pode concluir ouvindo apenas uma das partes envolvidas".
As 31.000 assinaturas recolhidas pelo candidato do movimento "Isaltino - Inovar Oeiras de Volta" foram entregues na semana passada, mas um despacho do juiz Nuno Cardoso refere que não estão devidamente identificados os candidatos apresentados na lista, pelo que a candidatura foi rejeitada.
Isaltino Morais anunciou na terça-feira que vai recorrer da decisão.
O ex-autarca, que esteve à frente da Câmara de Oeiras durante mais de duas décadas (primeiro pelo PSD e depois como independente), abandonou o executivo quando foi detido, a 24 de abril de 2013, para cumprir dois anos de pena de prisão, por fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Um ano depois, a 24 de junho de 2014, Isaltino Morais saiu em liberdade condicional para cumprir o resto da pena em casa e, em 2015, publicou um livro a contar a sua experiência na prisão, excluindo a possibilidade de regressar à vida política.
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