“Como o acordo de cessar-fogo não foi totalmente implementado pelo Líbano, o processo de retirada por etapas continuará em acordo com os Estados Unidos”, justificou o gabinete de Netanyahu em comunicado de imprensa, a respeito do entendimento com o grupo xiita libanês Hezbollah, mediado por Washington e Paris.
O texto refere que uma das condições do pacto estipulava que “o Exército libanês se posicionasse no sul do Líbano” e impusesse “a retirada do Hezbollah para além do [rio] Litani”, a cerca de 30 quilómetros da fronteira entre os dois países
O Governo israelita argumenta que “não colocará em risco as suas localidades e cidadãos e alcançará os objetivos da guerra no norte [de Israel], permitindo o regresso dos habitantes às suas casas em segurança”.
O Hezbollah alertou na sexta-feira que um adiamento da retirada das tropas israelitas do Líbano não seria aceitável e apelou ao Governo libanês para fazer cumprir os prazos.
“Acompanharemos a evolução da situação que deverá culminar nos próximos dias com uma retirada total. Nenhuma violação do acordo e das suas garantias, e nenhuma tentativa de evasão das mesmas sob premissas fúteis será aceitável”, advertiu o grupo armado apoiado pelo Irão em comunicado.
O acordo de cessar-fogo, com a duração de 60 dias, entrou em vigor em 27 de novembro passado, e prevê a retirada de Israel das áreas que ocupou no sul do Líbano, bem como do Hezbollah da faixa fronteiriça entre os dois países.
Outro ponto essencial do entendimento está relacionado com o reforço da presença do Exército libanês no sul do país, onde também se encontra um contingente das Nações Unidas.
O novo Presidente libanês, Joseph Aoun, já apelou para uma retirada israelita do sul do país “dentro do prazo estabelecido” pelo acordo que suspendeu os confrontos entre o Hezbollah e Israel.
Aoun criticou ainda “a continuação das violações terrestres e aéreas israelitas”, lamentando em particular “a dinamitação de casas e a destruição de aldeias fronteiriças que vão contra o acordo”.
O Hezbollah começou a bombardear Israel em 08 de outubro de 2023, agindo em alegada solidariedade com o grupo islamita palestiniano Hamas, que na véspera tinha realizado um ataque sem precedentes em solo israelita, desencadeando a guerra na Faixa de Gaza.
Após quase um ano de confrontos sobretudo na região fronteiriça, Israel intensificou em setembro passado os bombardeamentos em várias regiões do Líbano e nos subúrbios sul de Beirute, um bastião do Hezbollah, e, desde então, dizimou grande parte da estrutura dirigente do grupo armado xiita.
Em 01 de outubro, as forças israelitas invadiram o sul do Líbano, onde ainda permanecem.
Até ao cessar-fogo, a guerra provocou 60 mil deslocados do lado israelita e acima de 1,2 milhões no Líbano, onde as autoridades de Beirute registam mais de 3.800 mortos.
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