Em causa estão as acusações que Israel fez à UNRWA de que 12 dos seus funcionários agiram em conluio com o Hamas nos ataques de 7 de outubro. As revelações levaram a agência da ONU, que tem mais de 30 mil funcionários, a abrir uma investigação e a rescindir os contratos com os suspeitos.

No entanto, o órgão da ONU responsável por investigar estas alegações, o Escritório de Serviços de Supervisão Interna das Nações Unidas (OIOS, na sigla em inglês), apresentou esta quarta-feira um relatório preliminar onde aponta que Israel ainda não apresentou provas que justifiquem as acusações feitas à UNRWA, noticia o The Guardian.

Apesar de esperar receber algum material "num futuro próximo", a porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou esta quinta-feira que este ainda não chegou, quase um mês depois de Israel levantar suspeitas sobre a UNRWA.

"Os investigadores do OIOS analisaram as primeiras informações recebidas pela UNRWA das autoridades israelitas", afirmou Dujarric. "A investigação continua em curso. O OIOS procurará corroborar informações adicionais e comparar as informações obtidas com materiais na posse das autoridades israelitas, que espera receber em breve."

"O pessoal do OIOS está a planear visitar Israel em breve para obter informações das autoridades israelitas que possam ser relevantes para a investigação", acrescentou Dujarric, adiantando ainda que os investigadores descreveram a cooperação de Telavive como "adequada".

Este ponto da situação feito pelo OIOS surge numa fase em que a UNRWA diz estar a chegar a "um ponto de rutura" e que só tem dinheiro para continuar a funcionar mais um mês. A agência da ONU viu alguns dos seus principais doadores suspenderem contribuições no valor de perto de 450 milhões de dólares à luz destas acusações, encontrando-se assim incapaz de contrariar a situação de fome que ameaça 2 milhões de palestinianos em Gaza.

Há muito oposto a existência da UNRWA, Israel votou a 15 de fevereiro preliminarmente um projeto-lei para proibir a agência da ONU de funcionar no território. "O papel da UNRWA é lidar apenas com refugiados palestinianos e, portanto, não há espaço para prestar quaisquer serviços no território do Estado de Israel, onde não há refugiados palestinianos, mas sim residentes do país", afirma a nota do diploma.

Esta notícia surge depois do incidente no qual mais de 100 pessoas morreram e pelo menos 760 ficaram feridas num ataque israelita enquanto decorria uma distribuição de alimentos no norte de Gaza. O exército israelita afirmou ter disparado contra uma multidão que representava “uma ameaça”.

No ataque contra Israel, a 7 de outubro, o movimento islamita palestiniano Hamas fez cerca de 250 reféns, tendo libertado 112 no cessar-fogo de uma semana realizado desde o início do conflito, no fim de novembro, em troca de 240 palestinianos detidos em prisões israelitas, todos mulheres e menores.

O ataque dos militantes islamitas causou também a morte a cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da agência France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais israelitas.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 30.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes.