Um ataque aéreo israelita destruiu um prédio que alojava os escritórios de vários meios de comunicação social internacionais, incluindo a Associated Press e a Al Jazeera, na Faixa de Gaza, conta a agência. Não há ainda explicações para as razões que levaram Israel a atacar aquele prédio, mas a Associated Press chama-lhe "o mais recente passo para silenciar os relatos" a partir do território palestiniano.

“Estamos chocados e horrorizados com o facto de os militares israelitas terem atacado e destruído o edifício que alberga o escritório da AP e outros meios de comunicação em Gaza”, disse o presidente da agência norte-americana de notícias, Gary Pruitt.

“Este é um desenvolvimento incrivelmente perturbador. Evitámos por pouco a terrível perda de vidas. Cerca de 10 jornalistas e 'freelancers' da AP estavam no edifício e, felizmente, conseguimos retirá-los a tempo”, disse.

Pruitt referiu que a AP solicitou informações ao governo israelita e que está em contacto com o Departamento de Estado norte-americano para tentar saber mais.

“O mundo estará menos informado sobre o que está a acontecer em Gaza por causa do que aconteceu hoje”, concluiu.

Segundo a Al Jazeera, o exército de ocupação israelita deu uma hora para que o edifício onde estão os escritórios da imprensa internacional — incluindo a própria Al Jazeera — fossem evacuados. Findo esse prazo, engenhos lançados por aviões destruíram por completo o prédio, relata a mesma fonte.

Uma produtora deste canal com sede no Qatar escreveu que o edifício foi atingido por quatro mísseis. O bombardeamento destruiu completamente o edifício de 12 andares, deixando uma gigantesca nuvem de pó no ar.

Por seu lado, o chefe do gabinete da Al Jazeera na Palestina e em Israel classificou este ataque como um “crime” e uma tentativa de o exército israelita “silenciar os media”.

Falando em direto no canal de notícias em língua árabe, o chefe do gabinete da Al Jazeera para a Palestina e Israel, Walid al-Omari, disse que este “crime” era mais um de uma “série de crimes perpetrados pelo exército israelita”, em Gaza.

Israel não quer “apenas espalhar a destruição e a morte em Gaza, mas também silenciar os meios de comunicação social que veem, documentam e dizem a verdade sobre o que está a acontecer”, adiantou, advertindo que tal “é obviamente impossível”.

Na rede social Twitter, o correspondente da agência norte-americana Associated Press em Gaza escrevia que "agora as bombas podem cair no nosso escritório. Corremos pelas escadas, desde o 11.º andar e estamos agora ao longe a ver o edifício, orando para que o exército israelita recue".

Pelo menos 140 palestinianos, incluindo 40 crianças, morreram na Faixa de Gaza na atual escalada de violência com Israel, que começou na passada segunda-feira, de acordo com o Ministério da Saúde do território.

O exército israelita diz atacar apenas alvos pertencentes às milícias do Hamas e da Jihad Islâmica e os seus membros, e estima ter matado cerca de 30 milicianos, entre os quais altos comandos.

Uma grande ofensiva por terra e por ar, na madrugada de sexta-feira, foi dirigida a uma rede de túneis subterrâneos onde estariam escondidos vários dirigentes, e estima-se que vários deles tenham morrido, aguardando-se pela confirmação das identidades.

Os bombardeamentos israelitas destruíram, nas últimas horas, instalações dos serviços de informações pertencentes ao Hamas, bem como armazéns de ‘rockets’, de acordo com o exército israelita.

[Notícia atualizada às 17h00]