Os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza deixaram 63 mortos em 24 horas, segundo o ministério da Saúde do território palestiniano, governado pelo Hamas.

Nesta quinta-feira, o Conselho de Segurança da ONU instou mais ação frente "à catastrófica situação humanitária" em Gaza, onde os civis vivem ameaçados pela fome, e tomou nota do anúncio de novas medidas feito por Israel na véspera.

A guerra entre Israel e o movimento islamista palestiniano, que já dura seis meses, provocou um novo episódio de tensão na região.

Os Estados Unidos alertaram para o risco de um ataque iraniano ou dos seus grupos associados no Médio Oriente (presentes em países como Iraque, Síria, Líbano, Iémen) em resposta ao bombardeamento contra o consulado de Teerão em Damasco, no qual morreram, a 1 de abril, sete membros da Guarda Revolucionária, dois deles generais.

Na quarta-feira, o guia supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, voltou a ameaçar publicamente Israel, que não confirmou a autoria do ataque ao consulado iraniano, afirmando que "será castigado".

Por "precaução", a embaixada americana em Israel restringiu os deslocamentos dos seus diplomatas "até novo aviso". E o general Michael Erik Kurilla, responsável pelo Médio Oriente, está em Israel para debater com os militares israelitas as "ameaças de segurança da região".

"Se o Irão atacar a partir do seu território, Israel responderá e atacará o Irão", replicou rapidamente o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz.

Numa conversa com o seu homólogo britânico, David Cameron, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão declarou que "Teerão nunca procurou aumentar as tensões na região".

No entanto, "o silêncio dos Estados Unidos e do Reino Unido encoraja [o primeiro-ministro israelita, Benjamin] Netanyahu a continuar a guerra e a estendê-la à região", acrescentou.

A Casa Branca advertiu o Irão contra um ataque a Israel. Por sua vez, Rússia e Alemanha pediram "moderação" para evitar uma nova escalada no Médio Oriente. Desde o início da guerra em Gaza, as tensões têm aumentado entre Israel e o Irão, bem como seus aliados.

"Estamos a meio de uma guerra em Gaza, que continua em plena velocidade [...] mas também estamos a preparar-nos para enfrentar desafios noutros cenários", disse Netanyahu nesta quinta-feira.

O conflito no território palestiniano começou em 7 de outubro, após o ataque do Hamas ao sul de Israel, que deixou 1.170 mortos, na maioria civis, segundo um registo da AFP com base em números israelitas.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.545 mortos em Gaza, na maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

O movimento islamista tomou 250 reféns durante o seu ataque, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo as autoridades israelitas.

Perante as "violações do direito humanitário internacional e dos direitos humanos" no conflito, mais de 250 ONGs pediram o "fim das entregas de armas" a "Israel e aos grupos armados palestinianos".

Nesta quinta-feira, o Exército israelita anunciou que realizou uma operação noturna no centro da Faixa de Gaza, "com o objetivo de eliminar agentes terroristas".

"A situação é desastrosa e piora. Os bombardeamentos não param e continuam", disse à AFP Imad Abu Shawish, um homem de 39 anos naquela área.

Na quarta-feira, um bombardeamento israelita em Gaza matou três filhos e quatro netos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que alertou que isso não suavizará as posições do grupo nas negociações por um cessar-fogo. "As nossas exigências são claras e não mudarão", garantiu.

Israel acusou o Hamas nesta quinta-feira de "virar as costas" a uma "oferta muito razoável".

O atual ciclo de conversações começou no domingo, mas não há indícios de avanço à espera de uma resposta do Hamas a uma proposta apresentada pelos mediadores do Qatar, Egito e Estados Unidos.

O plano prevê um cessar-fogo de seis semanas, a troca de 42 reféns sequestrados pelo Hamas por entre 800 e 900 palestinianos presos em Israel e a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza, segundo uma fonte do movimento islâmico.

O Hamas, que também exige um cessar-fogo definitivo e a retirada das forças israelitas de Gaza, quer também "tempo e segurança suficientes" para localizar os reféns que "estão em diferentes lugares em mãos de diferentes grupos", afirmou nesta quinta-feira em comunicado Basem Naim, um responsável político do movimento islamista.