
O grupo xiita libanês Hezbollah negou a responsabilidade pelos ataques contra Israel, que não foram reivindicados, acusando o “inimigo israelita” de procurar “pretextos para continuar os seus ataques contra o Líbano”.
Estes disparos contra Israel são os primeiros no norte do país desde que a trégua com o Hezbollah entrou em vigor em 27 de novembro do ano passado.
O acordo de cessar-fogo interrompeu as hostilidades entre o Exército israelita e o Hezbollah, que tinha aberto uma frente contra Israel em solidariedade com o grupo islamita palestiniano Hamas, no início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
A trégua trouxe uma relativa calma ao Líbano após mais de um ano de hostilidades, apesar dos ataques que Israel continua a realizar a cada dois ou três dias a alvos apresentados como ligados ao Hezbollah, desde a retirada incompleta das suas tropas do sul do país, em 15 de fevereiro.
Hoje de manhã, soaram sirenes de alerta em Metula, uma aldeia na fronteira israelo-libanesa e foram intercetados três dos seis ‘rockets’ disparados do sul do Líbano em direção à região norte da Galileia, segundo as autoridades israelitas.
Em resposta, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou ao Exército que atacasse “alvos terroristas” no Líbano, onde a intensificação da guerra, entre setembro e novembro de 2024, deixou o Hezbollah muito enfraquecido.
Mais tarde, o Exército israelita anunciou que tinha atacado “dezenas de lança-foguetes e um centro de comando a partir do qual operavam terroristas do Hezbollah” no sul do Líbano.
De acordo com a agência nacional de notícias libanesa (ANN), citando o Ministério da Saúde, cinco pessoas, incluindo uma criança, foram mortas e oito ficaram feridas num dos ataques na cidade de Touline.
Ao início da noite, Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz, ordenaram “uma segunda vaga de ataques contra dezenas de alvos terroristas do Hezbollah”.
A agência ANN noticiou vários ataques israelitas no sul e leste do país, principalmente em Tiro, no sul do país, onde registou um morto e sete feridos.
O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, alertou para o risco do recomeço de operações militares na fronteira sul, o que pode “arrastar o país para uma nova guerra, com consequências desastrosas”.
A força de manutenção da paz da ONU no Líbano (FINUL) também expressou preocupação sobre uma “possível escalada” da violência
“A FINUL continua preocupada com a possível escalada de violência” e “exorta todas as partes a evitarem minar os progressos realizados, especialmente quando estão em causa vidas civis e a frágil estabilidade. Qualquer nova escalada pode ter consequências graves para a região”, avisou em comunicado.
Após o início dos disparos de ‘rockets’ pelo Hezbollah, há mais de um ano, cerca de 60.000 habitantes fugiram do norte de Israel, e apenas uma pequena parte deles regressou a casa nas últimas semanas, no seguimento da luz verde das autoridades.
As autoridades libanesas registaram, por seu lado, mais de 3.800 mortos e acima de 1,2 milhões de deslocados, em resultado dos ataques israelitas a partir de setembro do ano passado.
Nos termos do acordo de cessar-fogo, Israel deveria retirar-se do sul do Líbano, onde apenas o Exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU seriam mobilizados.
O Hezbollah deveria desmantelar as suas infraestruturas e retirar-se para norte do rio Litani.
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