O ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, qualificou como “hipócritas” os apelos para abrir uma investigação sobre os acontecimentos de sexta-feira.
"Não haverá comissão de inquérito", disse Avigdor Lieberman, em declarações à rádio pública israelita.
"Não haverá tal coisa aqui, nem vamos cooperar com nenhuma comissão de inquérito", acrescentou o ministro.
O uso de balas reais pelo exército israelita nos confrontos de sexta-feira levantou sérias preocupações no seio da comunidade internacional, com a ONU e a União Europeia (UE) a pedirem uma investigação independente e transparente. Um apelo reiterado por organizações de defesa dos direitos humanos.
Na sexta-feira, confrontos entre manifestantes palestinianos e o exército israelita registados na fronteira de Gaza com Israel fizeram pelo menos 16 mortos e mais de 1.400 feridos, dos quais 758 com ferimentos provocados por munições reais. Tratou-se do dia mais sangrento desde a guerra de 2014 em Gaza.
Os palestinianos acusam os soldados israelitas de terem disparado contra manifestantes que não representavam qualquer perigo imediato. Israel justificou a ação, afirmando que todas as vítimas mortais estavam a cometer ações violentas.
Os incidentes ocorreram na sequência do protesto intitulado "A Grande Marcha do Regresso", convocado pelo movimento radical palestiniano Hamas (que controla a faixa de Gaza desde 2007) e que deve durar cerca de seis semanas, que reuniu milhares de palestinianos junto à barreira fronteiriça que separa a Faixa de Gaza de Israel.
O protesto foi organizado para defender “o direito de regresso” dos refugiados palestinianos às terras que tiveram de abandonar durante a guerra da independência israelita de 1948 e para denunciar o bloqueio rigoroso em vigor contra este enclave palestiniano.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, também rejeitou todas as críticas e manifestou o seu apoio ao exército.
"Bravo aos nossos soldados", disse o chefe do Governo de Israel, que denunciou hoje também as “lições de moral” do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que acusou, no sábado, as autoridades israelitas de terem cometido um “ataque desumano”.
"O exército mais ético do mundo não recebe lições de moral por parte daquele que bombardeia civis de forma indiscriminada há vários anos", escreveu Benjamin Netanyahu na sua conta na rede social Twitter.
Em resposta, Erdogan acusou hoje o primeiro-ministro israelita de ser um “ocupante (…) e ao mesmo tempo um terrorista”.
Entretanto, o organismo militar israelita que gere os territórios palestinianos ocupados informou hoje que decidiu reter os corpos de dois palestinianos que morreram nos confrontos de sexta-feira.
“Estavam armados com armas de fogo e a sua intenção era cometer um ataque terrorista em Israel”, disse um alto responsável do organismo israelita (COGAT).
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