"Perdi o meu herói", disse a deputada, uma das figuras próximas de Dhlakama, naquelas que foram as primeiras declarações públicas após o falecimento do líder da Renamo.

Ivone Soares falava aos jornalistas no final de uma celebração religiosa que juntou centenas de pessoas numa das sedes da Renamo, na cidade da Beira - capital provincial onde as cerimónias fúnebres públicas vão decorrer, na quarta-feira.

"Ele já tinha ultrapassado a dimensão de ser nosso parente. Tornou-se um líder respeitado além-fronteiras", referiu.

Ivone Soares disse ainda estar a tentar aceitar a realidade.

"Ainda não acredito que o meu tio morreu. Não acredito que ele não vai voltar a telefonar", a partir da Serra da Gorongosa, onde estava refugiado, "e a perguntar o que dizem os jornais aí", na capital moçambicana, Maputo.

A sobrinha disse ter uma grande cumplicidade com Afonso Dhlakama.

"Não sei se houve alguém de quem me sentisse tão próxima", sublinhou.

"Ele disse várias vezes que não ia ser morto pelas balas da Frelimo", acrescentou Ivone Soares, recordando um desabafo do tio, que admitiu morrer um dia "com uma doença qualquer".

Afonso Dhlakama morreu na quinta-feira pelas 08:00, aos 65 anos, na Serra da Gorongosa, devido a complicações de saúde.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, referiu à Televisão de Moçambique (TVM) que foram feitas tentativas para o transferir por via aérea para receber assistência médica no estrangeiro, mas sem sucesso.

Fontes partidárias contaram à Lusa que o presidente do principal partido da oposição moçambicana faleceu quando um helicóptero já tinha aterrado nas imediações da residência, na Gorongosa, mas não o conseguiu transferir.


Última atualização às 20:55