“O almirante Osama Rabie, presidente da Autoridade do Canal do Suez, proclamou o recomeço do tráfego de navegação no canal”, anunciou a meio da tarde o organismo num comunicado.

O mesmo responsável disse ao canal egípcio de televisão Sadaa al-Balad que vão ser “precisos três dias e meio para os navios que estão à espera” começarem a atravessar a passagem bloqueada desde terça-feira da semana passada.

A autoridade tinha anunciado hoje ao início da manhã que o “Ever Given” tinha começado a flutuar depois de ter estado totalmente encalhado desde a passada terça-feira, bloqueando o tráfego naval.

O Canal do Suez, no Egito, é uma das passagens marítimas mais movimentadas do mundo e, devido ao encalhe do “Ever Given”, 425 navios aguardavam hoje a passagem na via que liga o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho, de acordo com a revista especializada britânica Lloyd's List.

O desencalhe do navio foi comemorado com buzinaços dos barcos em redor, enquanto o navio começava a subir lentamente na direção norte do canal, constataram os jornalistas da AFP.

"Conseguimos libertá-lo!", comemorou em um comunicado a empresa proprietária da companhia encarregada do resgate do barco.

"Tenho o prazer de informar que nossa equipa de especialistas, em estreita colaboração com a Autoridade do Canal, desencalhou o Ever Given às 15h05", disse o CEO da Royal Boskalis Westminster, Peter Berdowski, citado no comunicado à imprensa, congratulando as equipas que enfrentaram esta "pressão óbvia e sem precedentes".

Segundo Boskalis, 30 mil metros cúbicos de areia foram dragados e 13 rebocadores mobilizados. O navio está a dirigir-se para uma área fora do canal para ser inspecionado, conforme especificado no texto.

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, não esperou pelo fim do resgate para se congratular no início do dia por uma operação "bem-sucedida", sendo o famoso canal uma importante fonte de renda para o país.

"Hoje, os egípcios conseguiram pôr fim à crise do navio encalhado no Canal de Suez, apesar da grande complexidade técnica do processo", escreveu o presidente no Twitter.

Sissi destacou ainda que "os egípcios mostraram hoje que continuam estando à altura", lembrando que o Canal de Suez, inaugurado em 1869, foi escavado pelos "seus avós com a força dos seus corpos".

Vários reboques e dragas foram mobilizados nas operações. No domingo pela manhã, aproximadamente 27.000 metros cúbicos de areia haviam sido removidos, a uma profundidade de 18 metros, informou o porta-voz da SCA, George Safwat.

O valor total das mercadorias bloqueadas, ou que precisaram de optar por uma rota alternativa, é diferente, segundo as estimativas: de três mil milhões de dólares, segundo Jonathan Owens, especialista em logística da universidade britânica de Salford, até 9,6 mil milhões de dólares, de acordo com a revista Lloyd's List.

As autoridades do canal calculam que o Egito perde entre 12 milhões e 14 milhões de dólares por dia com o encerramento. Quase 19.000 navios usaram o canal em 2020, segundo a SCA.

Apesar de o incidente ter sido atribuído em um primeiro momento aos fortes ventos combinados com uma tempestade de areia, Rabie não descartou no sábado que uma "falha humana" possa ter provocado o bloqueio.