O reator número dois da central nuclear de Onagawa recebeu a primeira luz verde da autoridade japonesa de regulação nuclear. O processo, explica a Reuters, está agora sujeito a um período de consulta pública.
A central de Onagawa escapou ao destino da de Fukushima, após o sismo de magnitude 9 em março de 2011, que desencadeou um maremoto que matou mais de 20 mil pessoas e espoletou o pior desastre atómico desde Chernobyl, em 1986.
Aqui, apesar da inundação, o sistema de refrigeração de Onagawa ficou intacto, evitando o sobreaquecimento que levou aos problemas em Fukushima. O reator de Onagawa funciona num sistema semelhante ao de Fukushima, com água a ferver.
Com esta autorização preliminar, ficam ainda a faltar aprovações antes do reínicio da atividade, nesta que é uma das centrais mais próximas do terramoto de 2011.
A elétrica Tohoku Electric espera ainda gastar 340 milhões de ienes (cerca de 2,83 mil milhões de euros) em melhorias de segurança na central. Estas medidas incluem um muro de 800 metros de comprimento e quase 29 de altura máxima, acima do nível do mar, para proteger a central de tsunamis.
Após o desastre de Fukushima, todas as 54 centrais nucleares do Japão — que chegaram a gerar quase um terço da eletricidade no país — foram encerradas. Todas tiveram de obter novo licenciamento, debaixo de novas regras.
Com esta aprovação, a Tohoku diz que vai poupar cerca de 35 mil milhões de ienes por ano. Para além disso, o reinício de Onagawa vai dar um impulso à indústria nuclear japonesa — porém, ainda longe da meta governamental de a energia atómica ser responsável por pelo menos um quinto da energia no país até 2030, mostrou uma análise da Reuters em 2018.
Nove reatores — longe da capital, Tóquio, e com uma engenharia diferente da de Fukushima — já foram reiniciados.
Foi o Papa Francisco, numa visita ao Japão em novembro, quem trouxe de novo o debate sobre a segurança nuclear para a ordem do dia. O chefe da igreja Católica encontrou-se com vítima do desastre nuclear de Fukusima — e disse que a energia desta fonte não deve ser usada até que haja fortes certezas de que é segura para as pessoas e para o ambiente.
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