Numa visita a Pequim, o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takeshi Iwaya, reuniu-se com o seu homólogo chinês, Wang Yi, tendo os dois países reafirmado o desejo de promover relações “benéficas e estáveis”, num contexto de crescentes tensões regionais, de acordo com relatos da imprensa japonesa.

Os dois governantes também concordaram em “tornar a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros Wang ao Japão uma realidade na altura certa, o mais rapidamente possível, no próximo ano”, refere um comunicado diplomático japonês.

O ministro japonês, na sua primeira visita oficial à China desde que iniciou funções, em outubro passado, transmitiu a Wang Yi que o Japão espera ultrapassar os “desafios” e “reduzir as preocupações, aumentando a cooperação e a colaboração”, segundo a agência noticiosa japonesa Kyodo.

No início do dia, Iwaya também se encontrou com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, com quem concordou em trabalhar para estabelecer relações “mutuamente benéficas e estáveis”, segundo a Kyodo.

A China e o Japão têm uma parceria comercial importante, mas o aumento das despesas militares e as rivalidades territoriais no Mar da China Oriental têm afetado profundamente as relações.

Tóquio, um aliado de longa data dos Estados Unidos, aumentou consideravelmente as suas despesas com a defesa nos últimos anos, num contexto de aumento das manobras militares de Pequim, em especial em torno de Taiwan, perto da zona económica exclusiva do Japão.

Em agosto, a força aérea chinesa fez a sua primeira incursão confirmada no espaço aéreo japonês.

Algumas semanas mais tarde, um navio de guerra japonês atravessou o Estreito de Taiwan, que a China se recusa a considerar como águas internacionais.

O lançamento de um míssil balístico intercontinental por Pequim no Oceano Pacífico, no final de setembro, provocou mais uma vez a ira de Tóquio, que alega não ter sido avisada previamente.

A situação de segurança na região está a tornar-se “cada vez mais grave”, afirmou o ministro da Defesa japonês, General Nakatani, no início de dezembro, durante uma reunião em Tóquio com o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin.

As relações entre Pequim e Tóquio são historicamente complexas e marcadas por disputas territoriais, comerciais e históricas.

A ocupação brutal de certas regiões chinesas pelo Japão antes e durante a Segunda Guerra Mundial continua a ser um ponto de discórdia persistente, com Pequim a acusar Tóquio de não reconhecer e reparar suficientemente o sofrimento infligido.

O sistema educativo chinês e o discurso oficial chinês dão grande ênfase a este período histórico, a fim de reforçar os sentimentos patrióticos.

As visitas de oficiais japoneses ao santuário Yasukuni, em Tóquio, que homenageia os mortos de guerra, incluindo os criminosos de guerra condenados, suscitam regularmente a ira de Pequim.

As relações entre as duas potências foram ainda mais afetadas em 2023, quando Pequim proibiu o consumo de marisco japonês na sequência da descarga de água tratada da central nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico.

No entanto, em setembro, a China anunciou que iria retomar gradualmente as importações de marisco japonês, um gesto conciliatório sublinhado na terça-feira pela porta-voz da diplomacia chinesa.

“A China está pronta para trabalhar com o Japão”, insistiu a porta-voz Mao Ning numa conferência de imprensa regular na terça-feira.