“O caderno eleitoral que está aqui [Madeira] a servir de base é ilegal”, disse o também mandatário regional da candidatura de Rui Rio.
Jardim informou: “Já está na mesa de Santa Luzia e vou neste momento já impugnar as eleições para Lisboa”.
“Acho isto um episódio lamentável porque o PSD aqui está a dar um ar perante o país de continuar-se no tempo das ‘chapeladas’ e da Francisquinha que paga 200 quotas a um. Isto não é um partido assim”, argumentou.
O ex-líder social-democrata madeirense, que esteve à frente do partido cerca de quatro décadas, sustentou que a situação “tem que entrar nos eixos, já começou a nível nacional, tem que começar a nível regional”.
Alberto João Jardim considerou que esta é “obviamente uma forma de tornar mais transparentes os processos eleitorais nos partidos”.
“E acho bom que se faça em todos os partidos para cada indivíduo ser responsável pela sua militância, não haver mais o poder do dinheiro dentro dos partidos”, sublinhou.
A polémica surge devido a uma divergência em matéria de contabilização do número de militantes na Madeira relacionada com o modo de pagamento das quotas.
Segundo um regulamento de quotizações aprovado pelo Conselho Nacional do partido em novembro, este só poderá ser feito por multibanco (através de referência aleatória), cheque, vale postal (apenas autorizado para militantes com 60 anos ou mais), débito direto, cartão de crédito ou MB Way.
A maioria dos militantes na Madeira paga as quotas diretamente na sede, sendo que apenas 104 cumprem os requisitos do novo regulamento.
Jardim rejeitou a argumentação do atual presidente do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, de que os processos eleitorais decorrem da mesma forma na Madeira há 40 anos, invocando a autonomia estatutária.
“Não é verdade, porque este regulamento só vem de agora. Nunca foi assim, porque eu fui sempre o candidato único até 2012″ e chegou à conclusão “que era uns a pagar quotas de outros”.
“Um partido não pode andar à mercê do poder do dinheiro e, portanto, tem que se encontrar um processo, que foi encontrado agora a nível nacional, de cada militante ser responsável pelo pagamento da sua quota”, realçou.
Para o antigo líder madeirense, se não houver este processo, “quem tem mais dinheiro é que ganha eleições dentro dos partidos”.
“Essa de dizer que sempre foi assim é um ‘bluff'”, vinca, assegurando que “nunca foi assim” durante a sua liderança.
Também aponta que “não gostaria que o PSD nacional” tivesse a ideia de que a Madeira foi “tomada por organizações secretas”.
Jardim garante que não está “em confronto direto” com a liderança regional do PSD/Madeira, acrescentando rejeitar que o partido “seja governado por dinheiro”.
“Gostaria que [as eleições] não fossem uma aldrabice”, enfatiza, instando quem discorda da sua decisão a “ir para tribunal”.
O caso concreto da Madeira promete ensombrar a votação para a liderança do partido, já que o PSD/Madeira insiste que podem votar hoje 2.500 militantes, apesar de a secretaria-geral contabilizar pouco mais de cem com quotas pagas à luz do novo regulamento.
A divergência entre a estrutura regional e nacional está no modo de pagamento das quotas, que deve permitir a identificação do militante, enquanto a maioria na Madeira paga as quotas diretamente na sede, em numerário, tendo o Conselho de Jurisdição Nacional — o ‘tribunal’ do partido — reiterado que “os regulamentos aprovados não preveem exceções”.
Nesta corrida à liderança do PSD estão três candidatos, o atual presidente do PSD, Rui Rio, o antigo líder parlamentar Luís Montenegro e o atual vice-presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto.
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