“A chantagem que o PS fez antes para não dar resposta aos problemas que a situação do país exige, apesar de dispor de recursos financeiros e orçamentais, confirma a sua opção de dar satisfação às persistentes exigências do grande capital que reclamavam a rutura com qualquer solução de convergência com o PCP e a CDU. Com a maioria absoluta que obteve, o PS fica agora com mais condições para cumprir esse papel”, acusou Jerónimo de Sousa.
O dirigente comunista falava na Sessão Pública “PCP – Contigo todos os dias”, que hoje se realizou durante a tarde na Escola Carolina Micaela, no Porto.
“Ainda mal estavam contados os votos e aí tínhamos os representantes dos grandes interesses económicos, do grande capital monopolista a cantar louvores à maioria absoluta do PS, à tão ambicionada e amplamente proclamada necessidade de estabilidade, vista como indispensável à progressão dos seus negócios, ao mesmo tempo que se apressavam a indicar o caminho a seguir e apresentar as suas exigências”, disse Jerónimo de Sousa.
Segundo o líder comunista, “todos em conjunto no Conselho Nacional das Confederações Patronais reclamaram as sempre eternas e inacabadas reformas estruturais e um imediato acordo de competitividade e rendimentos, questionando a valorização dos salários, mesmo as limitadas propostas de Salário Mínimo projetadas pelo Governo para as calendas”.
“Aí estão a reclamar mais dinheiro público para os seus negócios privados, a exigir novas reduções de impostos sobre os lucros, a questionar qualquer alteração da legislação laboral que possa inverter as normas gravosas do Código de Trabalho”, referiu.
Jerónimo de Sousa reconheceu que o PCP, que perdeu deputados, vai agir “agora num quadro mais difícil” afirmando a determinação para “prosseguir com confiança a intervenção em defesa dos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo, das soluções para os problemas nacionais” e para “recuperar posições perdidas”.
A realização das eleições legislativas “não iludiu os problemas e dificuldades que estão colocados aos trabalhadores, ao povo e ao país” disse, considerando que este “é o momento de reafirmar que o país não está condenado às desigualdades, à estagnação económica e ao retrocesso social”.
“Não está condenado a um modelo de baixos salários e pensões de reforma, à precariedade no trabalho e na vida, à desregulação dos horários, ao aumento da exploração, à dependência externa por razão da destruição da sua capacidade produtiva, à degradação dos serviços públicos e à liquidação do Serviço Nacional de Saúde”, disse.
A situação que o país enfrenta, disse Jerónimo de Sousa, “coloca na ordem do dia a concretização de respostas e soluções que avancem na promoção de um desenvolvimento económico sustentado, para o aumento geral dos salários, assegurando a revogação das normas gravosas da legislação laboral e o combate à precariedade”.
Sobre o momento de seca que o país atravessa, Jerónimo de Sousa defendeu que se torna “fundamental avaliar a capacidade das estruturas públicas e o nível de investimento público para levar a cabo uma política de planificação do uso de água capaz de fazer face a períodos extremos”, assim como “denunciar visões que tentam aproveitar para justificar a mercantilização, centrando discursos na necessidade de aumento dos preços, passando o ónus do problema para as famílias e para os pequenos agricultores”.
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