"Ao terminar, permitam-me prevaricar no compromisso inicial e retirar uma conclusão do nosso debate que, creio, perpassou em todas as intervenções de hoje: essa conclusão é a da confiança e da esperança. Há soluções. Há alternativa, confiança e esperança que desejamos se transformem em ação e luta por um caminho de desenvolvimento económico, progresso social, democracia e soberania para Portugal. Confiança e esperança de que, rompendo dependências e defendendo a soberania, é possível e cada vez mais urgente construir na Europa um rumo diferente e oposto ao atual", disse.
Jerónimo de Sousa discursava no final de uma mesa-redonda promovida pelo PCP, num hotel em Lisboa, sob o lema "Portugal e a UE, romper dependências, defender a soberania, construir uma outra Europa".
O líder comunista começou por descrever a atual situação no velho Continente, falando em "estagnação económica, assimetrias crescentes e perigos de uma nova crise, retrocesso e crise social, continuados ataques à democracia e à soberania, deriva militarista e insegurança, com o chamado exército europeu, políticas contrárias aos mais elementares direitos humanos, como o caso dos refugiados, crescimento da extrema-direita e de ideologias reacionárias e fascizantes".
"Portugal não é imune a tais tendências de fundo e não é um caso particular como já se afirmou. Como ficou mais uma vez patente no Conselho Europeu da semana passada, a resposta necessária para levar a cabo uma real mudança, nos planos nacional e europeu, não virá nem das instituições europeias, nem dos Governos que no Conselho insistem no aprofundamento da UE e do euro, como falsa resposta ao igualmente falso dilema entre o nacionalismo e um projeto de UE esgotado e contrário aos interesses dos povos", afirmou.
Para Jerónimo de Sousa, "ao invés, a resposta reside na capacidade dos povos de quebrarem as cadeias de dependência nas quais assenta esse projeto supranacional de domínio económico e político de natureza imperialista que é a UE".
"Passa obrigatoriamente pelo exercício da soberania nacional como elemento fundamental para alterar a correlação de forças existente, no sentido progressista. Abdicar desse eixo central de luta e insistir na receita neoliberal, militarista e federalista, é abrir mais campo ao nacionalismo e à extrema-direita", defendeu.
O secretário-geral do PCP declarou que "a política patriótica e de esquerda preconiza a utilização do conjunto de instrumentos e políticas económicas, orçamentais e monetárias de forma soberana e de acordo com as necessidades do país".
"Isso implica ruturas com as imposições do euro e da união económica e monetária, implica a recusa do Tratado Orçamental e do Pacto de Estabilidade e uma firme decisão de renegociação da dívida de acordo com o interesse nacional, que a UE recusa, tenta proibir ou manipula em função dos interesses do capital financeiro", defendeu.
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