Em entrevista à agência Lusa, Jerónimo de Sousa, quase dois anos depois, não se arrepende do repto lançado ao PS para governar devido à “profundidade do desastre a que a política de PSD e CDS, durante quatro anos, conduziu o país” e consequente “derrota da ideologia das inevitabilidades”, dos “cortes, liquidação de direitos, ataque aos rendimentos, particularmente dos trabalhadores”.
“É um pin, um emblema, que não acerta com a política que [ele] realizou. Não é patriótico, por exemplo, entregar os nossos recursos e empresas estratégicas, submeter-se às imposições estrangeiras, designadamente da União Europeia. Isso não é patriotismo. Não é patriótico, entre os grandes interesses dos poderosos e os portugueses mais explorados e injustiçados, que a opção seja defender esses grupos económicos, estrangeiros, como se está hoje a verificar na vida, pela PT, seja por outros setores. Isso não é patriotismo. Portanto, o pin não dá bem com aquilo que [Passos Coelho] defendeu, propôs e concretizou”, disse.
O secretário-geral do PCP vinca que, “de facto, PSD e CDS têm um trauma, que é verem fracassadas, mesmo no plano político e ideológico, todas as suas teorias das inevitabilidades”.
“Estão fixados no passado com a ideia de que era preciso continuar o caminho de ataque aos direitos, continuar a política de privatizações, os cortes na Segurança Social – que é um objetivo que mantêm, embora lhe chamem reforma estrutural. Não são alternativa de coisa nenhuma, seria o regresso ao passado recente”, afirmou.
No final da segunda sessão da XIII Legislatura, que já teve um Governo PSD/CDS-PP derrubado pela nova maioria parlamentar, a qual apoiou um executivo minoritário socialista – o XXI Constitucional -, António Costa lidera o país desde 26 de novembro de 2015, após as eleições de 04 de outubro do mesmo ano, nas quais a coligação “Portugal à Frente” (PSD/CDS-PP) se ficou por cerca de 37% dos votos.
“A questão aí, que se colocava, era ter novamente a repetição do Governo PSD/CDS, Era claro o desejo de continuidade dessa política desastrosa que o país sofreu. O afastamento de PSD e CDS do Governo constituía uma aspiração, reivindicação muito forte, dos trabalhadores e vários setores da sociedade portuguesa. Era um objetivo muito visível”, reconheceu, questionado sobre se “o cimento” da maioria se baseou só na destituição de sociais-democratas e democratas-cristãos.
Além disso, para Jerónimo de Sousa, “afinal, houve passos adiante positivos, avanços, e verificou-se que a economia respondeu positivamente, tendo em conta a dinamização do mercado interno, a par das exportações”.
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