Na véspera da votação, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que ia anotar os países que votassem a favor do projeto de resolução e ameaçou cortar a ajuda financeira atribuída por Washington.

“Vamos tomar nota dos votos”, disse na quarta-feira Donald Trump, em declarações na Casa Branca, em Washington.

Nas mesmas declarações, Trump denunciou “todos os países que recebem o dinheiro dos Estados Unidos e que depois votam contra [os Estados Unidos] no Conselho de Segurança”.

“Recebem centenas de milhões de dólares e até milhares de milhões de dólares (…) Deixe-os votar contra nós. Vamos poupar muito. Não nos importamos”, reforçou na mesma ocasião o chefe de Estado norte-americano.

Os 193 países-membros da Assembleia-geral da ONU vão votar um projeto de resolução que foi proposto pelo Iémen e pela Turquia, em nome de um grupo de países árabes e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI).

O texto não faz uma menção específica aos Estados Unidos, mas afirma que qualquer decisão sobre Jerusalém deve ser cancelada.

Esta votação acontece depois de Washington ter recorrido, na segunda-feira, ao seu direito de veto no Conselho de Segurança para impedir a adoção de uma resolução que também condenava a decisão norte-americana.

Ao contrário do que se passa no Conselho de Segurança (os cinco membros permanentes do órgão têm direito de veto), na Assembleia-geral da ONU não há direito de veto e os textos adotados não são vinculativos.

Trump anunciou a 06 de dezembro que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.

Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.

Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.