João Rendeiro já estaria há vários meses a preparar-se para a possibilidade de ser detido, revela a edição de hoje do ‘Jornal de Notícias’. Segundo o diário, o antigo banqueiro contratou a advogada June Stacey Mark mal chegou à África do Sul para “preparar a defesa à extradição para Portugal”.

Aqui, João Rendeiro tem à espera uma pena de cinco anos e oito meses para cumprir. Segundo o jornal, Rendeiro chegou à África do Sul a 18 de setembro, dez dias antes de dizer ao SAPO24 que estava no estrangeiro e não tinha intenção de voltar (precisamente no dia em que o ex-presidente do BPP foi condenado pelo tribunal).

O JN conta que pouco depois de chegar a Joanesburgo, Rendeiro se instalou na zona nobre de Sandton, no norte da cidade sul-africana, onde está o escritório da advogada que agora o representa.

June Mark não conhecia Rendeiro: “Veio cá há cerca de três meses para obter aconselhamento sobre a extradição e sobre como funciona o sistema judicial na África do Sul”, contou a advogada ao JN. “Tivemos várias reuniões com vista a preparar o que veio a acontecer neste fim de semana”, ou seja, a detenção. Ao jornal português, June Mark garante que João Rendeiro “se preparou para a eventualidade de ser detido. Não foi apanhado de surpresa.”

Depois de uma estada naquela cidade, João Rendeiro foi para Durban, no sudeste do país, tendo sido detido no sábado pela polícia local.

A advogada diz não ter ainda tido acesso ao processo. Com o adiamento do interrogatório de ontem para esta terça-feira, só hoje “vai ser disponibilizado” à defesa, explica June Marks. “Mas já fizemos um pedido para que seja fixada uma caução para que o meu cliente aguarde uma decisão sobre o pedido de extradição em Liberdade, aqui, na África do Sul. Vamos ver qual será a decisão do juiz, vamos ver se temos sucesso”, terá dito ao diário português, sem estipular o valor que Rendeiro está disposto a pagar.

“Para já, o que está em causa é saber se a detenção foi feita de acordo com a leu sul-africana e se a justiça está disposta a aplicar uma caução. A questão da extradição vira depois, pode demorar vários meses a ser decidida e o meu cliente apenas pode ficar detido 18 dias”, explica ainda.

Para já, a equipa de defesa de João Rendeiro vai pedir a transferência para outra prisão, depois de o ex-banqueiro ter recebido ameaças de morte, disse a advogada June Marks desta vez à agência Lusa.

"Como resultado das notícias" nos órgãos de informação, "ele [João Rendeiro] está a receber ameaças de morte", referiu a advogada, explicando que "os outros prisioneiros ouvem as notícias na rádio".

June Marks acrescentou: "Vamos pedir a transferência" do antigo presidente do BPP.

No final da audiência de segunda-feira, à saída do tribunal de Verulam, João Rendeiro foi transferido para a prisão de Westville, a 30 quilómetros, uma das maiores do país e a única da região de Durban, com dezenas de milhares de reclusos.

Ainda nenhuma das autoridades revelou detalhes sobre em que condições João Rendeiro está detido, mas hoje chegou num carro celular coletivo, juntamente com vários reclusos, segundo informaram os guardas do tribunal.

Através das pequenas grades era possível ver várias pessoas dentro da viatura, algumas em grande algazarra ao verem câmaras de filmar e vários jornalistas à porta do tribunal.

A viatura chegou pelas 09:35 (07:35 em Lisboa) e a audiência está marcada para as 11:00, havendo a indicação da defesa de Rendeiro de que poderá realizar-se apenas durante a tarde.

Este é o segundo dia em que João Rendeiro está na sala de tribunal, depois de na primeira presença perante juiz, na segunda-feira, para legalizar a prisão preventiva, a defesa ter pedido liberdade sob fiança.

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