O presidente dos Estados Unidos começou a sua intervenção aludindo ao trabalho "dos heróis" no terreno — os militares norte-americanos que perderam hoje a vida nos ataques à bomba no aeroporto de Cabul.

"A situação no terreno continua a desenrolar-se e recebo atualizações constantes. Estes americanos ao serviço dos EUA que deram a vida… Esta é uma palavra muito usada, mas é completamente apropriada, eram heróis. Heróis que estavam empenhados numa missão perigosa e altruísta de salvamento da vida de terceiros. Fazem parte de uma ponte aérea de um esforço de retirada nunca visto", disse Biden.

"A Jill e eu estamos destroçados, tal como estou certo que todos vocês estão, por todas as famílias afegãs que perderam entes queridos, incluídos crianças pequenas, ou que foram feridos neste terrível ataque. E estamos indignados além de destroçados", afirmou.

Depois, confirmou que o ataque teve origem terrorista e deixou uma mensagem "para aqueles que organizaram este ataque e para todos aqueles que desejam ferir a América".

"Nós não vamos perdoar. Nós não nos vamos esquecer. Nós vamos perseguir-vos e vamos fazê-los pagar. Irei defender os nossos interesses e o nosso povo com toda a capacidade da minha posição", frisou, depois de um momento emocionado em que relembrou a morte do filho, ele próprio um antigo combatente militar.

Joe Biden também assinalou que pretende responder com "força e precisão". Quando? No momento que "escolhermos". Para que tal suceda, indicou que já deu ordens para coordenar um ataque à ISIS-K, autores do duplo ataque à bomba.

Num discurso transmitido ao final da tarde em Washington, Biden afirmou que os ataques desta tarde eram esperados, mas que isso não vai alterar a estratégia definida para a saída dos EUA do Afeganistão.

"Tenho estado em contacto permanente com os nossos líderes militares e comandantes no terreno. Eles deixaram bem claro que nós podemos e devemos completar esta missão... Nós não vamos ser dissuadidos pelos terroristas. Nós vamos continuar com a evacuação".

O presidente norte-americano indicou igualmente que deu ordens para que sejam dados todos os passos necessários para proteger as forças de intervenção em Cabul.

"Eis o que precisam de saber: estes terroristas do Daesh não vencerão. Vamos retirar os americanos do terreno, vamos retirar os nossos aliados afegãos, e a nossa missão vai prosseguir. E tenho a maior confiança nos nossos corajosos militares, que continuam a executar esta missão com coragem e honra para salvar vidas e retirar os americanos, os nossos parceiros e os nossos aliados afegãos do Afeganistão", concluiu.

O líder do Comando Central dos Estados Unidos, general Kenneth McKenzie, confirmou hoje 12 mortes e 15 feridos nos ataques desta tarde em Cabul.

Um responsável do Ministério da Saúde do governo afegão afirmou à BBC que o número de feridos é de, pelo menos 140, e que há pelo menos 60 mortos resultantes dos ataques.